“Só a fornecedores, os três hospitais da região devem mais de 130 milhões de euros”, frisou Duarte Freitas, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com o conselho de administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira e depois de também já se ter reunido com as administrações dos hospitais da Horta e de Ponta Delgada.
Segundo Duarte Freitas, o valor representa o somatório dos números que lhe foram apresentados pelas três administrações e “algumas destas dívidas vêm desde 2010”.
O líder regional social-democrata considerou que a melhor coisa que o Governo Regional pode fazer para “tentar travar a contínua quebra de emprego” é pagar “a tempo e horas” aos fornecedores.
“Se só na Saúde estamos a falar de 130 milhões de euros a fornecedores, por aqui se imagina que saneando esta dívida, pagando aquilo que o Governo Regional deve, certamente estes montantes em circulação na economia dos Açores poderiam ter um efeito extraordinário, em relação à manutenção de postos de trabalho e até à reanimação da situação económica em que vivemos”, salientou.
Os social-democratas defenderam um acordo com o Governo da República para que o Executivo açoriano possa sanear as dívidas da saúde, que segundo as contas do PSD chegam a mil milhões de euros, mas o Governo Regional socialista recusou a proposta.
Para Duarte Freitas, se o Executivo açoriano consegue sanear a dívida através do Orçamento Regional, “sem compromisso das metas orçamentais”, apresenta mais uma razão para “pagar aquilo que deve”.
Os pagamentos da administração regional aos fornecedores têm sido, nas últimas semanas, motivo de trocas de comunicados e declarações entre o principal partido da oposição nos Açores, o PSD, e o Governo Regional.
O Governo do socialista Vasco Cordeiro tem respondido que o prazo médio de pagamento nos Açores é de 29 dias, o mais baixo do país, negando atrasos nos compromissos com os fornecedores. Reconhece, porém, que a situação no que toca aos hospitais e ao Instituto Regional de Ordenamento Agrário é diferente (IROA).
Segundo o vice-presidente do Governo, Sérgio Ávila, o atual executivo regional, que tomou posse em novembro, identificou “duas situações” – o IROA e os três hospitais – “onde teria de ser feito um esforço acrescido, bastante significativo”, para que os prazos médios de pagamento correspondessem aos da administração pública regional.
O objetivo é que tanto o IROA como os hospitais tenham prazos médios de pagamentos próximos da média regional, explicou a 08 de março, dia em que assegurou que tinham sido liquidados em três meses dois milhões de euros da dívida a fornecedores do IROA.
Porém, para o PSD/Açores, os pagamentos a 30 dias muitas vezes referidos pelo Governo Regional “são um mito, tal como o reconhecem os próprios empresários.”
Lusa