“A requerida audição tem por objeto a denúncia feita pelo conselho de redação da RTP/Açores, que acusa o referido membro do Governo de procurar condicionar e de interferir abusivamente no trabalho da equipa de reportagem que fez a cobertura dos estragos provocados pelo mau tempo na zona da Bretanha, em S. Miguel, a 11 de maio”, refere o documento enviado ao presidente da Assembleia Legislativa dos Açores.
Neste documento, assinado pelo líder parlamentar do PSD/Açores, Duarte Freitas, os sociais-democratas referem que o pedido de audição de José Contente na Comissão Permanente de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho visa esclarecer “a forma como um membro do Governo se relaciona com a comunicação social”.
O conselho de redação da RTP/Açores (TV), num comunicado emitido a 18 de maio e depois enviado ao Sindicato dos Jornalistas, acusou José Contente de “tentar persuadir a equipa de reportagem a não enviar para Lisboa um bloco de imagens em bruto que incluíam um depoimento da presidente da Câmara de Ponta Delgada”, Berta Cabral, e de “procurar impor a sua presença em direto no Telejornal da RTP/Açores, depois de gorada uma intervenção no Telejornal da RTP 1, que não se realizou por Lisboa se ter desinteressado desse direto”.
Segundo o comunicado, José Contente “em pleno direto, interrompeu de forma abrupta a intervenção da jornalista, agarrando-a pelo braço que segurava o microfone e falando de forma intempestiva para o mesmo sem sequer aparecer na imagem”.
Na resposta, José Contente considerou as acusações “injustificadas”, recordou que esteve no local várias horas e prestou declarações a vários órgãos de comunicação social e assegurou que a jornalista da RTP/Açores lhe propôs, depois de ter sido cancelado o direto na RTP 1, que “fizesse uma declaração para sair no Telejornal do dia seguinte, o que veio a acontecer”.
“São falsas as acusações do condicionamento do direto da RTP/Açores, até porque, num cenário de acidentes iminentes, como foi o caso da queda da Estrada Regional no Pilar da Bretanha, entendeu-se dar informação ao público na hora, pelo perigo real da circulação automóvel”, acrescentou José Contente, numa nota divulgada pelo gabinete de comunicação do Governo dos Açores.
O presidente do Governo dos Açores, Carlos César, também se pronunciou sobre este caso, considerando que “os jornalistas têm de compreender que são uma classe profissional como qualquer outra, que é sujeita a críticas, tal como tem o poder de criticar os outros”.
Para Carlos César, o conselho de redação “devia ter a humildade de reconhecer que também na RTP/Açores há jornalistas que não têm qualidade e que também na RTP/Açores há jornalistas que não são isentos”.
Lusa