O presidente do Governo dos Açores considerou hoje que a autonomia não pode ser só “de conforto material”, definindo a qualificação dos açorianos e a melhoria dos resultados na educação como “um desafio absolutamente vital”.
“A autonomia de que usufruímos, se é certo que só pode ser considerada como válida se for uma autonomia de resultados para os açorianos e para as açorianas, não pode, também, correr o risco de ser reduzida a uma autonomia do conforto material”, afirmou Vasco Cordeiro, que falava na sessão solene do Dia da Região Autónoma dos Açores, no parlamento regional, na Horta.
“À medida que a fase de infraestruturação física” se vai concluindo, “torna-se necessário também colocar no centro das nossas preocupações aquela que deve ser, já não apenas uma ação dirigida a garantir os benefícios materiais que o nosso modelo de governo proporcionou e proporciona, mas uma ação que concretize uma autonomia qualificadora da nossa sociedade, qualificadora do nosso povo e qualificadora da nossa democracia”, acrescentou.
Para Vasco Cordeiro, “é nessa linha estratégica que perspetiva o futuro” dos Açores e da autonomia, defendendo, “cada vez mais, uma educação que garanta a cada açoriana e a cada açoriano as ferramentas para a sua realização pessoal, social e profissional”.
“Este é um desafio a que a nossa autonomia ainda não respondeu cabalmente, sobretudo nas vertentes do sucesso escolar e do combate ao abandono escolar precoce. Mas este afigura-se como um desafio absolutamente vital para o sucesso, diria até, para a sobrevivência futura do nosso modelo de autogoverno”, sublinhou, apelando ao “empenho e esforço de todos”.
O presidente do executivo regional acrescentou “outra componente”, também ela “essencial” para o futuro da região, e relacionada com a anterior: o “exercício ativo de uma cidadania exigente e esclarecida”, considerando que cada vez menos a autonomia “depende apenas de formas institucionais de afirmação cívica e participação política” e mais da “convicção individual” dos seus “méritos”.
“Hoje, no nosso dia, o que os Açores levam ao país, o que as naus que partem dos Açores, mais uma vez, levam a este país resgatado, são os valores da liberdade, da responsabilidade e da solidariedade intergeracional. (.) O mapa a que os Açores pertencem e em que os Açores querem continuar a figurar é o mapa das ideias, do diálogo, da prosperidade que valoriza as oportunidades individuais, sem deixar de integrar a solidariedade entre gerações, entre povos, entre regiões”, afirmou.
Vasco Cordeiro considerou “desafiantes” os tempos atuais, sobretudo por causa de uma “Europa que parece ter perdido o rumo e que brinca, leviana e inconsciente, com fogos que, tão severamente, já a queimaram no passado”, referindo “divisões” norte/sul ou centro/periferia ou o “discurso” que considera “um empecilho” o Estado Social.
Assim, disse, a região tem “dos maiores desafios” para vencer, para conseguir que a autonomia seja “um escudo protetor” em relação a estes “vendavais”, fazendo uso, “até ao limite”, de todas as “competências” e “recursos” disponíveis.
A este propósito, e dizendo que “a autonomia não legitima a inatividade”, reiterou que o Governo Regional está empenhado, e deu “prioridade”, ao combate ao desemprego, à reestruturação (com vista à sustentabilidade) do Serviço Regional de Saúde e à competitividade da economia.
O Dia da Região Autónoma dos Açores celebra-se sempre na segunda-feira do Espírito Santo, com uma sessão solene que vai percorrendo as ilhas. Por causa de ser o Dia da Região, Vasco Cordeiro não estará hoje no Conselho de Estado convocado pelo Presidente da República.
Lusa