O vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores, Mário Fortuna, disse hoje que o aumento do desemprego nos Açores está relacionado, fundamentalmente, com a “quebra abrupta na construção civil”.
Ouvido hoje pelos deputados do PS no parlamento dos Açores, reunidos em Angra do Heroísmo em jornadas parlamentares, Mário Fortuna destacou, em declarações aos jornalistas, a importância de se criar uma agenda para a competitividade, porque “os empregos não se decretam, criam-se, porque as empresas têm condições de criar empregos”.
Para o também presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, o desemprego nos Açores resulta sobretudo da “quebra abrupta na construção civil”, que “não tem recuperação imediata”.
“As últimas estatísticas colocam o emprego na construção civil em 5.600 ou 5.700 pessoas. Recorde-se que em 2007 havia neste setor 18.300 pessoas a trabalhar. Há uma quebra de quase 13 mil ativos no setor da construção civil”, salientou.
O representante dos empresários dos Açores lembrou ainda que despareceram também “três ou quatro mil ativos” na indústria, salientando que muita está associada à construção civil, como a fabricação de blocos e a preparação de madeiras.
“Dificilmente voltaremos aos níveis de trabalho nesta área que tivemos há poucos anos”, sublinhou, considerando que o problema é “estrutural”, que “tem de ser abordado como tal de forma específica para que se faça uma queda amparada deste setor”.
Mário Fortuna destacou também a importância de “rever os modelos de transporte quer aéreos quer marítimos” e defendeu uma isenções e reduções fiscais para “compensar o agravamento fiscal que as empresas vão sentir no próximo ano”.
A taxa de desemprego nos Açores subiu para 17,7% no terceiro trimestre do ano, sendo agora a segunda mais alta do país e superior à média nacional. Segundo os mesmos números, revelados pelo Instituto Nacional de Estatística na semana passada, o número de pessoas empregadas nos Açores aumentou em 764 em relação ao trimestre anterior, mas o aumento do número de desempregados foi superior (mais 2.488 desempregados).
Segundo o INE, em relação ao mesmo período de 2012, a taxa de desemprego nos Açores foi a que mais aumentou no país (2,3 pontos percentuais), sendo por outro lado a única que cresceu em comparação com o trimestre anterior (1,6 pontos percentuais).
A nível nacional, a taxa de desemprego em Portugal foi de 15,6% no terceiro trimestre, 0,8 pontos percentuais abaixo do trimestre anterior e menos 0,2 pontos que no mesmo período de 2012.
Lusa
