Quercus considera “inviável” projeto de incinerador de resíduos em S. Miguel

A associação ambientalista Quercus defendeu hoje que a decisão do Governo dos Açores de reciclar 50 por cento dos materiais recicláveis existentes nos resíduos urbanos até 2020 “inviabiliza” a instalação do incinerador previsto para S. Miguel.

Para os ambientalistas, o projeto de instalação de um incinerador de resíduos urbanos lançado pela Associação de Municípios de S. Miguel fica “manifestamente sobredimensionado” com a decisão agora adotada pelo executivo regional, na sequência da nova diretiva comunitária sobre a matéria.

Por outro lado, a Quercus considera que o facto de o Grupo Águas de Portugal estar impedido de participar no financiamento do incinerador também inviabiliza o projeto, que envolvm um investimento de cerca de 100 milhões de euros, dos quais 74 milhões apenas para um incinerador.

Nesse sentido, num comunicado hoje divulgado, a associação ambientalista avança como alternativa para os resíduos urbanos de S. Miguel o Tratamento Mecânico e Biológico, que “custa apenas 25 milhões de euros”.

Este processo, que “consiste na separação mecânica dos resíduos recicláveis e na transformação dos resíduos orgânicos em composto”, permite atingir as metas de reciclagem da nova diretiva comunitária sobre resíduos, mas também a produção de energia renovável através do biogás resultante do tratamento anaeróbio dos resíduos orgânicos.

A instalação de um incinerador de resíduos urbanos em S. Miguel já tinha sido contestada no início de setembro pela associação ambientalista Amigos dos Açores, que lançou uma petição na Internet contra o projeto.

Na altura, o presidente da associação, Diogo Caetano, defendeu, em declarações à Lusa, que “queimar não é solução para o tratamento de resíduos”, além de não ser a melhor opção em termos ambientais, nem a que mais responsabiliza os cidadãos.

“Contrariamente à queima, privilegiamos a redução da produção de resíduos, a sua reutilização e reciclagem”, afirmou, defendendo ser “muito importante investir na sociedade para que as pessoas sejam capazes de fazer uma seleção de resíduos eficaz que permita aumentar a reciclagem”.

O Manifesto contra a Incineração nos Açores, disponível na Internet, recorda que “existem convenções internacionais que recomendam que o uso da incineração seja eliminado progressivamente”.

O documento considera ainda que a qualidade ambiental dos Açores não é compatível com uma opção que “produz emissão de gases que contribuem para o aquecimento global”.

Nesse sentido, apela à “proibição da instalação de incineradoras nos Açores”, frisando que a incineração é uma “prática altamente comprometedora e incerta quanto aos riscos ambientais para as gerações presentes e futuras”.

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