O presidente da Quercus em São Miguel, nos Açores, lamentou hoje que o novo presidente da Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) esteja a “afinar pelo mesmo diapasão” das anteriores direções relativamente ao projeto da incineração.
Na segunda-feira, o presidente da AMISM, o socialista Ricardo Rodrigues, assegurou que o projeto de incineração de resíduos iria avançar na maior ilha açoriana, de forma “rápida e eficaz”, e estimou que a associação necessite de 10 milhões de euros para o efeito, sendo a restante verba garantida por fundos comunitários.
“São declarações próprias de quem está a iniciar um mandato e de quem tenta implementar a sua dinâmica de trabalho. Vemos isso como alguma normalidade, mas também com alguma preocupação, porquanto o novo presidente da AMISM continua a afinar pelo mesmo diapasão das anteriores direções”, afirmou à Lusa Rui Cordeiro.
O presidente do Núcleo Regional da associação ambientalista na ilha de São Miguel lembrou que antes de avançar com a incineração existe uma série de procedimentos legais a cumprir.
A Quercus apresentou já duas queixas junto da União Europeia por considerar que o projeto de incineração em São Miguel não cumpre a declaração de impacto ambiental de Bruxelas e por incumprimento da hierarquia comunitária, que prevê a reciclagem antes da incineração.
“Solicitamos informações diretamente junto da Comissão Europeia para ver se tínhamos alguma novidade sobre o andamento processual. A informação que nos foi prestada foi que ainda estava em fase de análise, mas que a queixa já tinha dado entrada, já tinha sido registada nos serviços centrais e já tinha sido atribuído número de processo e que neste momento ainda estava em fase de investigação”, disse Rui Cordeiro.
O responsável adiantou que irá solicitar uma reunião com os novos órgãos sociais da AMISM no sentido de expor o seu ponto de vista sobre os impactos negativos da incineração.
Segundo a Quercus, o projeto prevê o envio para a incineração dos resíduos urbanos indiferenciados produzidos na ilha sem que se proceda a um tratamento prévio visando a triagem dos materiais recicláveis que ainda existem nesses resíduos.
Há já vários anos que a associação tem alertado a AMISM e o Governo Regional dos Açores para o facto de existirem tecnologias que permitem retirar muitos materiais recicláveis antes do processo de incineração, enviando para incineração apenas os resíduos que não se consegue separar através desse processo.
Lusa