Na elaboração dos tapetes de flores para a procissão de domingo do Santo Cristo, que percorre demoradamente as ruas do centro de Ponta Delgada, estão envolvidas muitas pessoas de todas as idades, que logo pela manhã se encarregam de colocar sobre moldes de madeira muitas pétalas de flores coloridas, mas também verduras, fitas de madeira pintadas ou serragem. O verde dos vegetais, ou o branco das hortênsias e ainda o rosa das azáleas, dão um colorido diferente ao chão de uma das principais ruas do centro de Ponta Delgada, perante o olhar atento de vários turistas na cidade, que registam de máquina fotográfica “as verdadeiras obras de arte” que cobrem por esta altura a cidade. Mas a confeção dos tapetes de flores começa pelo menos oito dias antes das festas, com a apanha das flores e verduras em vários pontos da ilha de S.Miguel. “Começamos oito dias antes, uma vez que é preciso apanhar as verduras e depois picá-las e colocar as flores a secar”, explicou à agência Lusa João Melo, que “há 34 anos” ajuda na elaboração de tapetes de flores para a festa do Santo Cristo. Trabalhando pétala a pétala para preencher um dos moldes de madeira que tem aos seus pés, João Melo admite que “este ano tem menos cores” no tapete que elaborou, porque “a chuva estragou muito as flores”. Nas imediações do Convento da Esperança, que acolhe a imagem do Senhor Santo Cristo, o roxo, o rosa e o amarelo de serragens e fitas pintadas, ladeadas por muita verdura, despertam a atenção de muitos visitantes que por ocasião das festas se deslocam à ilha de S.Miguel. Além dos tapetes de flores, muitas varandas e janelas estão também hoje enfeitadas com arranjos florais colocados ao centro, enquanto outras colocam colchas antes da procissão. Depois da mudança da imagem, que decorreu no sábado no Campo de São Francisco, milhares de devotos integram hoje a meio da tarde o cortejo pelas ruas de Ponta Delgada. O cortejo, que constitui o ponto alto das festas, começou por iniciativa de madre Teresa D’Anunciada, freira que introduziu o culto ao Santo Cristo, cuja imagem só deixa o convento uma vez por ano, no quinto domingo a seguir à Páscoa.
LUSA