“Em 101 pessoas foi efetuado o diagnóstico clínico de cancro de pele, sendo 19 casos de melanoma e 70 de carcinoma basocelular”, disse Osvaldo Correia à agência Lusa, à margem de encontro promovido pela APCC, em Lisboa, no âmbito do Dia do Euromelanoma, assinalado este ano em Portugal a 16 de maio.
Segundo Osvaldo Correia, está a assistir-se, desde 2010, a “um aumento progressivo do número de casos de cancro de pele”.
Das 1.548 pessoas rastreadas no dia do Euromelanoma de 2017, com uma idade média de 52 anos e 60% mulheres, 43% evidenciavam “lentigos celulares no tronco (manchas acastanhadas tipo sardas, mas mais largas) que são testemunho de antecedentes de queimadura solar”, disse o dermatologista, advertindo que estas zonas apresentam maior risco de aparecerem carcinomas basocelulares e melanoma.
Dez por cento apresentavam queratoses actínicas (precursores potenciais de um tipo de cancro de pele) e 16% tinham nevos atípicos, um sinal irregular na cor e no contorno.
Comparando com 2010, observou-se um “aumento significativo” das manchas solares, que passaram de 37% nesse ano, para 43% em 2017 e das queratoses actínicas, que subiram de 5% para 10 para dez por cento.
Nestes sete anos, verificou-se ainda um aumento do número de homens que fizeram o rastreio e de pessoas com mais de 55 anos, que totalizaram 42% em 2017, contra 23% em 2010, o que indica que as “pessoas perceberam que a população madura é que deve procurar o médico”.
Mas, ressalvou, os mais jovens também têm de estar atentos, porque estão a ser detetados cancros de peles em pessoas com 30 e 40 anos.
Houve 24% que referiram antecedentes de queimadura solar antes dos dez anos e 55% entre os dez e os 18 anos, uma situação que representa “um risco acrescido de poder ter cancro de pele no futuro”.
Da população rastreada, 39% disseram praticar desporto ao ar livre, sobretudo os homens, e 6% contaram já ter sofrido queimaduras enquanto praticavam desporto.
“É importante que as pessoas percebam que mesmo a caminhar, a correr ao ar livre, sobretudo nas horas piores, têm de proteger-se com chapéu e usar manga comprida”, salientou.
Para sensibilizar a população, a APCC criou um “Roteiro de Verão”, liderado por dermatologistas, com apoio de vários voluntários, que irão percorrer nos fins de semana de julho praias marítimas ou fluviais de todo o país, levando “mensagens concretas de proteção solar adequada” e explicando como se diagnostica precocemente os diferentescancros da pele.
“Todos devem fazer o autoexame que tem regras próprias e saber o que valorizar”, disse Osvaldo Correia, aconselhando as pessoas a tirarem fotos aos sinais e compararem-nos: “se houver uma lesão nova ou que modificou ou é estranha recorra ao dermatologista para esclarecer se é uma lesão de risco que tem que se tirar ou não”.
No Dia do Euromelanoma mais de 45 serviços de dermatologia vão realizar rastreios gratuitos, uma iniciativa da APCC, com o apoio da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia e da Direção-Geral da Saúde.
A incidência desta doença tem aumentado mundialmente, estimando-se que sejam diagnosticados este ano em Portugal mais de 12.000 novos casos de cancros da pele e cerca de mil serão melanoma.
Lusa