O realizador açoriano Zeca Medeiros está a gravar na ilha de São Miguel uma série de cinco episódios para a RTP, um guião original escrito com o filho David Medeiros que conta a história de gente comum.
“Este guião é original, baseado no palco da vida, que escrevi com o meu filho David Medeiros, que também é um dos atores”, afirmou hoje à agência Lusa Zeca Medeiros, 65 anos, acrescentando que esta particularidade tem um “significado especial” por ser a primeira vez que tal acontece.
Denominada “Basalto”, rocha característica do arquipélago, a série está em rodagem nos concelhos de Ponta Delgada e Vila Franca do Campo.
Trata-se de uma produção independente que conta com cerca de 50 atores e mantém a mesma equipa que filmou um dos últimos trabalhos de Zeca Medeiros, “O Livreiro de Santiago”, baseado na vida do primeiro editor do escritor Pablo Neruda, o açoriano natural do Corvo Carlos Nascimento.
Para Zeca Medeiros, antigo funcionário da RTP, esta nova produção é “uma tapeçaria de personagens e histórias que se entrecruzam na atualidade”, com gente comum, que “poderá ter estado enredada em circunstâncias extraordinárias” e onde haverá “ecos do passado”, com referências, por exemplo, a “algumas feridas da guerra colonial”.
“Estamos mais ou menos a 50% da rodagem. É complexo para os meios de rodagem que temos, mas não vou fazer aqui o muro das lamentações”, referiu o realizador, lamentando, porém, que os meios de produção não tenham evoluído mais nos Açores nos últimos anos.
A conclusão da rodagem está prevista para o final deste ano, seguindo-se o trabalho de pós-produção e só depois a série será exibida na televisão.
“Houve, com esta nova direção da RTP, um interesse de retomar trabalhos de produção”, destacou Zeca Medeiros, que liderou a mesma equipa de produção que realizou 11 documentários para a RTP/Açores sobre músicos açorianos, cuja emissão ocorreu recentemente.
Sem avançar o valor do orçamento de “Basalto”, Zeca Medeiros, também músico e compositor, assegurou que o projeto, com temas originais da sua autoria e arranjos de Paulo Vicente, só é possível com “a ajuda de muitos amigos, da Empresa de Eletricidade dos Açores, da Associação Portas do Mar e da Solidaried’arte — Associação para a Integração pela Arte e Cultura”.
“Acho que a minha missão na vida é fazer estas coisas. Enquanto tiver energia é essa a minha missão neste mundo”, confessou Zeca Medeiros, que se define como “um contador de histórias”.
Para o próximo ano, Zeca Medeiros projeta gravar um álbum com temas e canções de várias séries e peças de teatro que escreveu e realizou nos últimos anos.
Do currículo de Zeca Medeiros, que já desempenhou o papel de ator em vários projetos, fazem ainda parte produções como “Mau Tempo no Canal”, “Xailes Negros, “O Barco e o Sonho”, “Gente Feliz com Lágrimas”, “O Sorriso da Lua nas Criptomérias” e “Anthero — O Palácio da Ventura”.
Lusa