O Subsecretário Regional das Pescas considerou hoje, na Horta, ser “absolutamente prioritário” que volte a ser criada nos mares dos Açores “uma zona de protecção permanente de 200 milhas”.
A ideia foi avançada por Marcelo Pamplona no encerramento do II Encontro Internacional do Grupo de Trabalho para a Conservação da Tartaruga Caretta caretta do Atlântico Noroeste, que decorreu nos últimos três dias na ilha do Faial.
Para o governante açoriano, “se não existir um plano de exploração das pescarias que tenha em conta a protecção da biodiversidade e a capacidade de pesca de cada região marinha, o declínio da prosperidade das regiões com tradição marítima, como a dos Açores, será uma inevitabilidade”.
Segundo referiu, desde que o regulamento comunitário das Águas Ocidentais entrou em vigor, “o esforço de pesca duplicou no Mar dos Açores e o seu ordenamento e a sua gestão tornou-se mais difícil”.
Marcelo Pamplona lembrou, a propósito, que a abertura das águas açorianas entre as 100 e as 200 milhas “originou uma tremenda pressão sobre a sustentabilidade da pesca e das tartarugas marinhas”. Tal pressão, adiantou ainda o Subsecretário das Pescas, deveu-se ao facto de grande número de embarcações comunitárias de grande capacidade pesqueira, e que não tinham qualquer tradição de pesca nesta área, ter passado a pescar nesta zona do Atlântico com palangre de superfície, “uma arte nefasta para conservação desta espécie, se não for utilizada com as devidas precauções”.
Reafirmou, por isso, o empenho do Governo dos Açores “numa gestão da exploração haliêutica de acordo com as características específicas de cada território marinho, dado que este é o princípio correcto para que o sector das pescas tenha viabilidade a longo prazo e se consiga garantir a sustentabilidade das pescarias e da biodiversidade em todos os mares”.
A terminar, Marcelo Pamplona agradeceu aos participantes desta reunião o contributo que deram “em prol de uma melhor sustentabilidade da biodiversidade marinha” e, de forma particular, aos representantes dos Estados Unidos da América, “devido ao apoio, científico e político, que têm dado aos Açores na defesa da protecção da sua Zona Económica Exclusiva, no seio da política comum de pescas europeia”.
Destinado a discutir e avaliar aspectos da conservação da chamada “tartaruga-boba”, uma espécie ameaçada, este encontro internacional juntou na Horta, durante três dias, cerca de duas dezenas de participantes oriundos das Bahamas, Canadá, Cuba, Itália, México, Marrocos, Portugal, Espanha e Estados Unidos.
Este II Encontro Internacional do Grupo de Trabalho para a Conservação da Tartaruga Caretta caretta do Atlântico Noroeste foi uma organização conjunta do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, do United States Fisheries Wildlife Services e do Archie Carr Sea Turtle Research Center da Universidade da Florida.