A Diretora Regional dos Assuntos Europeus defendeu hoje, em Santa Maria, a importância de “continuar a trabalhar conjuntamente, de forma sustentada e articulada, em parceria e complementaridade”, a cooperação entre as regiões atlânticas de Portugal e de Espanha.
Célia Azevedo, que falava na mesa redonda ‘Insularidade, Identidade e Desenvolvimento: Os Açores e a geoestratégia do Atlântico. Da construção da modernidade à Europa do Século XXI’, no âmbito do II Seminário Internacional ‘Portugal, Espanha e o Atlântico’, sublinhou que essa cooperação é “uma escolha partilhada e impulsionada” pelos Açores, Madeira e Canárias.
Na sua intervenção, a Diretora Regional identificou três momentos que marcam esta cooperação, considerando que assenta, largamente, numa “dimensão marítima” que merece ser aprofundada.
Célia Azevedo recordou o “momento do reconhecimento” da importância do diálogo inter-regional para a aproximação dos Açores, da Madeira e das Canárias ao projeto europeu, nomeadamente no âmbito da Conferência das Regiões Periféricas Marítimas, em cujos trabalhos participam desde 1979, bem antes da adesão de Portugal e de Espanha à Comunidade Europeia.
A este momento, seguiram-se os programas de iniciativa comunitária de cooperação territorial, que permitiram “um novo impulso ao relacionamento destas regiões” através dos programas REGIS e INTERREG, e, mais recentemente, o alargamento desta cooperação para além do espaço europeu, a Cabo Verde, Senegal e Mauritânia.
Para o futuro, a Diretora Regional, referindo-se às propostas em discussão para o Quadro Financeiro 2021-2027, salientou que está a ser equacionada “uma nova componente”, para além da cooperação transfronteiras, transnacional e inter-regional, que é a “cooperação das Regiões Ultraperiféricas”, permitindo que estas regiões cooperem entre si e com os países e territórios vizinhos, de uma forma mais eficaz e simples, para facilitar a integração regional.
“A evolução dos modos de cooperação entre os Açores, a Madeira e as Canárias, é reforçada por diversas iniciativas entre os três arquipélagos” afirmou Célia Azevedo, frisando que as “estreitas relações institucionais” são concretizadas em memorandos de entendimento, estabelecimento e implementação de protocolos, desenvolvimento de projetos e na defesa conjunta de interesses comuns, muitas vezes no quadro, geograficamente mais amplo, das Regiões Ultraperiféricas.
A Diretora Regional recordou ainda alguns passos no posicionamento da ilha de Santa Maria, e dos Açores, no quadro da política espacial europeia, como a instalação da estação Galileo, da Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas e Espaciais (RAEGE), em cujas instalações decorreu esta mesa redonda, ou a Estação de Rastreamento de Satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), referindo serviços e projetos ali desenvolvidos, e falando também de projetos em desenvolvimento, como é caso do EUMETSAT, ligado à Agência Europeia de Meteorologia por Satélite.
Célia Azevedo salientou a existência de um “equilíbrio” para um desenvolvimento e um crescimento “sustentável, coeso, feito com e para as pessoas” e a “implantação de infraestruturas catalisadoras de desenvolvimento científico e tecnológico e bases sólidas que reforçam a centralidade deste arquipélago no Atlântico”.