Das eleições para o parlamento açoriano sairá um novo executivo que deverá governar até 2024, sendo este o terceiro – e último, por imposição legal – mandato de Vasco Cordeiro como presidente do Governo Regional, se se confirmar a indicação do socialista.
Um bloco de direita, numa eventual aliança entre PSD, CDS, Chega, PPM e Iniciativa Liberal, poderá todavia funcionar como alternativa de governação na região, visto uma junção de todos os parlamentares pelo partido dar 29 eleitos (o necessário para a maioria absoluta).
Desde 1996 que o PS está no poder, e apenas entre esse ano e 2000 governou sem maioria absoluta, tendo então tido o executivo viabilizado pelo CDS-PP, partido que, ainda no Orçamento da região deste ano, foi o único a acompanhar os socialistas no voto favorável ao documento, depois de apresentar diversas medidas no parlamento que foram integradas e viabilizadas pelo PS.
Tido por próximo de Carlos César, histórico socialista açoriano que liderou os destinos da região entre 1996 e 2012, Vasco Cordeiro tem vindo a perder votos desde 2012, ano em que foi pela primeira vez eleito.
Agora, e pela primeira vez, e a confirmar-se a sua indicação para presidente do Governo dos Açores, terá de ser criativo nos consensos partidários, já que mesmo num eventual alinhamento com o CDS, como em 1996, ficará a faltar um deputado para a maioria parlamentar.
A ainda atual legislatura, segunda do socialista, foi fortemente marcada pelos últimos meses e pela pandemia de covid-19. Diversas matérias referentes à saúde – nomeadamente o fixar de médicos especialistas ou as contas dos três hospitais da região -, a situação da transportadora aérea SATA e os dados referentes à educação e pobreza foram alguns dos assuntos mais discutidos ao longo dos últimos quatro anos.
A nível internacional, Vasco Cordeiro foi eleito neste mandato primeiro vice-presidente do Comité das Regiões, num acordo entre as famílias políticas europeias que o levará a presidir à entidade a partir de 2022, confirmando-se a sua continuidade como chefe do executivo açoriano.
O comité, criado em 1994 na sequência da assinatura do Tratado de Maastricht, é a assembleia da União Europeia dos representantes regionais e locais dos 27 Estados-membros.
De acordo com a biografia disponível no sítio na Internet do PS/Açores, Vasco Cordeiro, de 47 anos, é natural de Covoada, freguesia rural do concelho de Ponta Delgada, ilha de São Miguel, onde nasceu no seio de uma família de lavradores. Fez Direito em Coimbra, tendo exercido a advocacia entre 1995 e 2003.
Em 1996, quando o PS/Açores, liderado por Carlos César, tira do poder o PSD, pondo fim a 20 anos de governação social-democrata no arquipélago, Vasco Cordeiro é eleito deputado para o parlamento regional.
Quatro anos volvidos, é reeleito, chegando a assumir a liderança da bancada parlamentar socialista na Assembleia Legislativa.
O segundo mandato como deputado é interrompido com a sua nomeação para secretário regional da Agricultura e Pescas, lugar que ocupou entre 2003 e 2004.
Em 2004, quando o PS alcança o melhor resultado em eleições legislativas regionais, Vasco Cordeiro assumiu a pasta de secretário regional da Presidência e, em 2008, Carlos César entrega-lhe a pasta da Economia, que deixou em abril de 2012, a seu pedido, para preparar a candidatura a presidente do Governo Regional.
Nesse ano, o PS ganha de novo as eleições e Vasco Cordeiro assume pela primeira vez a presidência do executivo regional, batendo a social-democrata Berta Cabral.
No percurso político de Vasco Cordeiro, casado com uma chefe de cabine da transportadora aérea açoriana SATA, e com dois filhos, estão também passagens pelo poder local, tendo sido eleito para a Assembleia de Freguesia da Covoada em 1997, 2001 e 2005, e membro da Assembleia Municipal de Ponta Delgada.
Vasco Cordeiro foi, ainda, líder da JS/Açores e chegou à liderança do PS/Açores em janeiro de 2013.
De acordo com os resultados provisórios divulgados pela Direção Regional de Organização e Administração Pública (DROAP), o PS ganhou as legislativas regionais de domingo, ao alcançar 39,13% (40.701 votos).
O PSD, com 33,74% (35.091 votos), garantiu 21 mandatos, seguido pelo CDS-PP com 5,51% (5.734 votos), que elegeu três deputados, além de um parlamentar em coligação com PPM (com 115) votos.
O Chega, que concorreu pela primeira vez às regionais dos Açores, teve 5,06% (5.260 votos), elegeu dois deputados, tal como o BE, que alcançou 3,81% (3.962 votos).
O PPM obteve 2,34% (2.431 votos) e elegeu um deputado, além de um outro eleito em coligação com o CDS-PP.
A Iniciativa Liberal, que também concorreu pela primeira vez à Assembleia Legislativa dos Açores, conseguiu 1,93% (2.012 votos) e elegeu um deputado, assim como o PAN que teve percentagem idêntica e apenas menos oito votos.
A coligação PCP/PEV, que tinha eleito um deputado há quatro anos não conquistou nenhum mandato, tendo obtido 1,68% (1.745 votos).