A maioria dos pilotos da Companhia aérea açoriana recusa operar, em simultâneo, com os novos aviões adquiridos pela empresa, uma decisão que vai contra a exigência já manifestada pelo Conselho de Administração da SATA.
A divergência já levou à demissão do oficial de segurança de voo.
Há mais de um mês que o comandante Pedro Moura, oficial de segurança de voo da SATA colocou o seu cargo à disposição, alegando duas razões fundamentais: primeiro, porque não foi ouvido pela Companhia, quanto à escolha dos novos aviões Bombardier, que estão quase a chegar ao arquipélago e, em segundo lugar, por discordar da atribuição do mesmo ” type-rating”, ou seja, o mesmo tipo de classificação aos Dash 200 e aos Dash 400, dois aparelhos de dimensões diferentes, entre si.
E, é exactamente aqui que reside o principal problema. A SATA entende que não existem grandes diferenças entre os 2 modelos, a não ser o tamanho e exige que todos os pilotos da empresa recebam formação para operar as duas aeronaves.
Esta exigência é contestada, não apenas pelo oficial de segurança de voo, mas por outros 32 pilotos da SATA, que estiveram reunidos em Ponta Delgada.
No final da reunião, decidiram enviar um Relatório ao Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação Civil, a denunciar o problema.
Uma das vantagens invocadas pela Companhia para a escolha dos aviões da Bombardier prendia-se, exactamente, com a ” comutabilidade entre equipamentos “, isto é, o facto de estarem registados como aparelhos com o mesmo tipo de classificação, permitindo que os pilotos habilitados a operar com o Dash 200, pudessem também operar, sempre que necessário, com o Dash 400, e vice-versa.
Este sistema não é, no entanto, seguido por várias companhias aéreas que operam com os mesmos aviões e que aconselham mesmo a que os pilotos efectuem, pelo menos, um intervalo de repouso de 48 horas entre a pilotagem de um e de outro avião.
O Conselho de Administração da SATA nega, no entanto, a existência de qualquer tipo de polémica sobre este assunto. O Gabinete de Comunicação e Imagem garante que os seus pilotos acolheram ” com especial entusiasmo ” a decisão de compra dos Bombardier e afirma que os novos aparelhos adquiridos pela empresa têm o mesmo ” type-rating”.
Em Comunicado enviada à Redacção da Antena 1 / Açores, a Administração adianta que teve em conta todas as opiniões e pareceres emitidos pelos técnicos da SATA e, em especial os pilotos acolheram bem a decisão da compra dos dois modelos das aeronaves que vão operar inter-ilhas, já a partir do próximo mês de Junho.
A Companhia diz ainda que a transição da frota será feita de forma gradual e acompanhada pelo fabricante, quer na fase de treino, quer na fase da largada dos novos aparelhos e lembra que este sector de actividade é altamente regulado e exigente, em matéria de segurança e extremamente minucioso em matéria de procedimentos.
Quanto ao comandante Pedro Moura, confirma o seu pedido de demissão, mas adianta que as razões invocadas pelo piloto são apenas de carácter pessoal.