Renovação da frota da SATA levanta muitas dúvidas

artur-limaO Presidente do Grupo Parlamentar do CDS-PP Açores, Artur Lima, afirmou, esta quinta-feira, no Parlamento Açoriano, que o processo de renovação da frota da SATA Air Açores levanta muitas dúvidas, quer ao nível das opções feitas, como também dos custos envolvidos na compra dos novos DASH da Bombardier.

 

Numa Declaração Política, Artur Lima denunciou ainda o facto de os novos aviões Dash Q200 (que vêm substituir o Dornier) serem aeronaves velhas e usadas.

“No dia 15 de Junho, a SATA celebrou 62 anos de existência e baptizou três filhos: Um ‘newborn’ – o A320 – e dois adultos, a que a SATA e o Governo chamam de os ‘novos Q200’. Eu digo novos, mas com a certeza de que, de novo, só têm a nova e dispendiosa maquilhagem da SATA. Os Dash Q200 têm já a avançada idade de 12 anos. São aviões que começaram a voar em Março de 1997”, denunciou.

 

Mas acrescentou: “para sermos clarividentes e resumidamente, estes dois aviões são velhos, já nem se fabricam, estão em fim de linha e têm mais de 30.000 ciclos. Custaram a exorbitante quantia de 15,6 Milhões de Dólares” (norte-americanas).

Ora, o parlamentar centrista considera isto “grave”, mas salienta que existe algo mais “preocupante” que é o facto de existirem documentos “do próprio Governo”, que admitem que “a vida útil económico-técnica de uma aeronave turbo hélice é de cerca de 16 anos”.

Por isso, a pergunta: “Mas os Dash Q200 não são aeronaves turbo hélice e já não têm 12 anos de vida útil? Dito por outras palavras: hoje gastam-se 15 Milhões de Dólares para daqui a quatro ou cinco anos estarmos a mudar de frota!?… A dúvida instala-se e, por isso, exige-se uma explicação do Senhor Secretário da Economia: É assim que o Governo quer garantir a salvaguarda e a viabilidade da SATA?”.

 

Artur Lima afirma que é “legítimo esclarecer, além do preço, a opção por este tipo de avião. Mas então não existiriam no mercado outras alternativas como, por exemplo, o novíssimo Dornier 228 New Generation?”, questionou. 

 

Virando agulhas para os novos Q400, que, frisou, “estes, verdadeiramente novos”, o Deputado do CDS-PP levanta outras tantas dúvidas, particularmente no que toca ao preço final dos aviões.

“É de primordial importância que o Governo Regional, enquanto accionista da SATA, explique, e muito bem, aos Açorianos a discrepância de preços verificada entre os dados constantes do Memorando da SATA e a divulgação pública feita pela Bombardier, relativamente ao preço final dos novos Dash Q400”, pediu Artur Lima.

 

Isto porque, salientou, “o documento de trabalho da SATA justifica a opção pelo facto de os quatro novos Q400 custarem 96 Milhões de Dólares, enquanto que a Bombardier anunciou um contrato com a SATA de 113 Milhões de Dólares. Afinal, quanto é que custam os novos Dash Q400?”.

 

Por outro lado, prossegue, “importa relembrar que se a opção tivesse recaído nos aviões ATR, a Região poderia ter recorrido à utilização de fundos comunitários, o que resultaria numa poupança de cerca de 50% do total do investimento realizado. Pergunta-se: Podem os Açores e os Açorianos dar-se ao luxo de prescindir de apoios de tal envergadura?”. 

“A SATA no processo de escolha dos aviões apresenta, curiosamente, como argumento para preferir os Dash Q400 aos ATR 42-500 o facto deste último estar em fim de produção. Então, por maioria de razão, o mesmo argumento devia aplicar-se ao Q200 que além de ser velho já não se fabrica. Verificamos que a SATA no processo decisório relativamente ao Q400 fez comparações com o ATP e com o ATR 42-500, mas não fez com o futuro ATR 42-600, que entra ao serviço em início de 2011 e que vence o Q400 em todos os parâmetros comparáveis”, afirmou.

Artur Lima disse ainda que se a opção tivesse recaído nos ATR 42-600 a intenção da SATA de voar para o Funchal e para as Canárias, “com o mesmo conforto e rapidez que o Q400”, não seria posta em causa.

Ou seja, lamentou, “por um ano, apenas um ano, a SATA rejeita duas opções de futuro e aquela que seria a escolha mais racional, mais económica e que melhor se adaptaria às especificidades e aos interesses dos Açores e dos Açorianos”.  

 

A estratégia comercial da SATA “não é a melhor” para o CDS-PP que “não pode deixar de lembrar que a SATA é uma empresa Açoriana que, em primeiríssima instância, tem que servir os Açorianos”.

Aliás, lamenta Artur Lima, “mais do que renovar a frota, as cores e o design, a SATA Air Açores está a renovar a própria designação comercial. Quase que sem darmos por isso, a SATA está, inexplicavelmente, a perder a palavra ‘Açores’ por troca com a palavra ‘Atlântico. Não havia necessidade”.

O parlamentar democrata-cristão frisa que estas “são opções, maioritariamente, de cariz político que, oxalá, não nos venham a sair caras no futuro”, finalizando com a garantia de que “o CDS-PP, pela sua parte, teria tomado opções bem diferentes. Desde logo porque uma das mais importantes premissas de avaliação de propostas seria, sem dúvida, o superior interesse dos Açores e dos Açorianos”. 

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