Na segunda-feira, uma fonte do gabinete de Pedro Catarino manifestou à agência Lusa disponibilidade para considerar uma eventual proposta de limitação da entrada de passageiros na região, à semelhança do que acontece na Madeira, face à pandemia da covid-19.
A mesma fonte referiu que, até àquele momento, não havia sido feito qualquer pedido do Governo dos Açores neste sentido, no âmbito dos contactos entre ambas as partes.
Posteriormente, o chefe do executivo regional, Vasco Cordeiro, endereçou uma missiva a Pedro Catarino, divulgada também à imprensa, considerando as declarações da fonte do gabinete do representante para a República como “absolutamente lamentáveis” e um “insulto” ao trabalho do executivo dos Açores.
“Se a questão que, para o gabinete de vossa excelência, impede a medida que se impõe há já 16 dias, é a ausência de um pedido do Governo dos Açores feito diretamente a vossa excelência, aqui fica ele formulado, para além dos já formulados ao senhor primeiro-ministro, por carta, e à Assembleia da República”, lê-se na carta.
O líder do Governo dos Açores considerou que se estava perante um insulto “porque limitações de entrada de passageiros nos Açores por via aérea já existem, e existem apenas em virtude das medidas tomadas pelo Governo dos Açores”, que deliberou a suspensão das ligações aéreas da Azores Airlines e SATA Air Açores.
Além disso, o executivo havia já pedido que fossem suspensas todas as ligações aéreas com o exterior da região, incluindo dos aeroportos nacionais, tendo este pedido “sido recusado”.
A TAP continua a fazer voos entre o continente português e as ilhas de São Miguel e Terceira.
Hoje, Pedro Catarino sublinha que o seu colaborador contactado pela Lusa “foi instruído para dizer que o representante da República não estava em posição de comentar decisões tomadas em relação à Madeira”.
Quanto aos Açores, ao representante da República “nunca fora solicitada” uma pronúncia “sobre a matéria e até isso suceder abster-se-ia de emitir qualquer juízo”, diz a nota do responsável.
E prossegue: “Lamenta-se, assim, o possível mal-entendido”.
Pedro Catarino diz ainda que “procurou sempre veicular aos órgãos de soberania da República, de forma clara e objetiva, as posições assumidas pelos órgãos do governo próprio da região e os sentimentos da sociedade açoriana em relação a essas posições”.
O representante advoga que tem também apoiado “todas as propostas do Governo Regional, impostas por razões de ordem sanitária, para a restrição da circulação das pessoas”.
O texto de Pedro Catarino termina com elogios à “forma exemplar como se têm desenrolado as relações institucionais que tem mantido diariamente com o Governo Regional e a cooperação entre os serviços regionais e os serviços do Estado”, o que “tem permitido uma luta até agora eficaz contra a propagação” da covid-19.
A Autoridade de Saúde dos Açores elevou hoje para 48 o número de casos positivos de covid-19 na região.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.
Lusa