Representante da República nos Açores diz que extinção do cargo é “caminhada da autonomia”

O representante da República nos Açores, José António Mesquita, admitiu na sexta feira à noite que a extinção do cargo “é uma caminhada da autonomia”, frisando que estará pronto para aceitar o que ficar decidido.

“Compreendo que seja uma caminhada da autonomia, não tenho nem de concordar nem de discordar, porque não tenho que decidir. Enquanto estiver no cargo hei de estar como me habituei a estar, com respeito pelas instituições, pela autonomia e pelos órgãos legítimos representantes do povo açoriano”, afirmou José António Mesquita, em declarações aos jornalistas, em Ponta Delgada.

Na sua perspetiva, trata-se de “uma questão com alguns melindres, muito atual e que não está resolvida no plano da negociação da revisão constitucional”, admitindo estar aberto a aceitar qualquer decisão.

“Eu sempre respeitei as posições políticas de cada pessoa e que cada partido político toma. Não é porque nos últimos meses a extinção esteve na voz de toda a gente, e esteve com muita intensidade, que isso afetou o nosso relacionamento institucional ou pessoal”, assegurou.

O representante da República nos Açores frisou que não tem nenhuma razão para alterar a sua posição num cargo que exerce há quase cinco anos.

“Todas as posições que vi sustentar são posições institucionais que se colocam no plano político, não houve uma única pessoal, que se dirigisse a mim enquanto representante da República”, salientou José António Mesquita, que falava à margem da Assembleia Geral do Lions Clube de S. Miguel, durante a qual proferiu uma conferência sobre “Os novos desafios da solidariedade social na sociedade contemporânea”.

Na sua intervenção, abordou o problema da pobreza, exclusão social e desemprego, que, na sua opinião, fez surgir uma nova geração de pobres.

“Existem pessoas de classe média que tinham uma vida estruturada e perderam a sua sustentabilidade em níveis de pobreza que chegam à fome. Há gente da classe média à espera que os supermercados fechem para ir buscar os restos de comida ou a pedirem encontros secretos a instituições para receberem apoios”, denunciou.

Apesar de reconhecer que as perspetivas de futuro não são as mais risonhas, José António Mesquita considerou que os Açores se mantêm numa situação privilegiada

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