“A verdade é que, ao menos para a Região Autónoma dos Açores, não há razões para pessimismos exacerbados e menos ainda para cenários de tragédia anunciada”, frisa José António Mesquita na tradicional mensagem de Ano Novo.
Na mensagem dirigida aos açorianos, o representante da República começa por admitir que “não abundam razões de optimismo”, recordando as dificuldades que passam sectores como a agricultura, as pescas ou o turismo, sem “sinais de mudança positiva”.
Mas, apesar disso, considera que a crise pode ser vista numa perspectiva diferente, baseada numa “análise mais completa, mais rigorosa e divorciada de factores subjectivos que só vêem catástrofes onde apenas há acidentes e pesadelos onde só há sonhos por realizar”.
Por essa razão, entende que os Açores não têm razões para um pessimismo exagerado, recordando que a região vive numa estabilidade política, administrativa e financeira, além de que existem sinais positivos em vários sectores.
O fim das quotas leiteiras será acompanhado por medidas substitutivas e compensatórias, a fileira da carne começa a ganhar relevo, a modernização da frota pesqueira, a aquacultura e o desenvolvimento de rede de frio e gelo abrem novas perspectivas e o turismo é, cada vez mais, uma aposta de futuro, enumera.
Além disso, o representante da República defende a importância do estudo dos oceanos, das suas potencialidade e riquezas, e a necessidade de dotar a Universidade dos Açores dos meios financeiros necessários para que possa aprofundar os meios de investigação científica.
“Será muito de lamentar que, num futuro não muito distante, os açorianos vejam a exploração e aproveitamento do fundo dos seus mares nas mãos de interesses alheios e externos à região e ao país”, alerta.
Na mensagem, José António Mesquita aborda ainda o problema dos transportes, defendendo que devem “servir com eficácia e fiabilidade os fluxos turísticos, mas também satisfazer a necessidade de mobilidade dos açorianos”.
Na sequência do retrato que traça da realidade açoriana, conclui que “a palavra de esperança que o momento reclama não é apenas uma figura de retórica, mas é a palavra exacta para quem não se pode resignar à mediocridade, à descrença e à fatalidade”.
“Desde sempre o povo açoriano conviveu com a adversidade e sempre encontrou força, audácia e engenho para lhes dar luta e ganhar vitória”, frisa, afirmando que os açorianos “uma vez mais” estão a ser postos à prova e que “vão vencer”.