“Os Açores têm atualmente 3100 produtores de leite e prevê-se que 300 venham a abandonar a atividade por via do resgate”, afirmou Jorge Rita em declarações à agência Lusa.
A produção de leite na UE é regulada por um regime de quotas que estabelece um limite máximo para a quantidade que cada agricultor pode entregar à indústria de lacticínios, consistindo a operação de resgate hoje lançada pelo executivo açoriano na tomada de quotas individuais mediante o pagamento de 20 cêntimos por litro dos respetivos direitos.
O Governo dos Açores prevê investir cerca de 3,4 milhões de euros neste novo resgate leiteiro, pagando aos produtores que abandonem a atividade 1,7 milhões em 2012 e o restante no ano seguinte.
Em operações anteriores, o executivo regional pagou 40 cêntimos por cada litro de direitos de produção resgatados, admitindo o presidente da FAA que, face ao previsto desmantelamento do sistema de quotas leiteiras na UE dentro de dois anos, não faria sentido manter esse valor.
Nesse sentido, a operação de resgate agora lançada assume, segundo Jorge Rita, um “caráter social”, admitindo que terá impactos positivos no setor, por perspetivar a possibilidade de crescimento das explorações que se manterão em atividade.
“O objetivo do resgate é a saída desses agricultores com a dignidade que merecem, dando possibilidade a outros de poder crescer e dimensionar-se”, afirmou, acrescentando que, para os que abandonam a produção leiteira, a compensação que vão receber “pode significar uma lufada de ar fresco num momento difícil”.
Jorge Rita afirmou ainda estar convicto de que a redução do número de produtores não terá impacto ao nível da produção leiteira regional, que representa cerca de 30 por cento do total nacional, frisando que o “ativo do setor tem vindo a baixar mas, devido ao crescimento das exportações e à qualificação dos produtores, tem-se assistido a um aumento da produção na região”.
Além disso, segundo o presidente da FAA, se as explorações “estiverem melhor dimensionadas, ficarão mais habilitadas para enfrentar a competitividade exigente que resultará da abolição das quotas”.
Jorge Rita considerou, no entanto, que seria importante que os produtores que abandonarem a fileira do leite se dedicassem a outras atividades na agricultura, nomeadamente à produção de gado de carne.