O secretário do Ambiente a Alterações Climáticas do Governo dos Açores considerou “inaceitável” que 70% dos resíduos na ilha de São Miguel sejam depositados em aterros, defendendo uma “solução urgente” para a gestão dos resíduos naquela ilha.
“Existe um problema grandíssimo da gestão de resíduos de São Miguel, com cerca de 70% dos resíduos que continuam a ser depositados em aterros e isso sim é verdadeiramente inaceitável e não pode acontecer. Portanto, é mesmo necessário encontrar uma solução urgente”, declarou Alonso Miguel, que falava na Assembleia Regional, na cidade da Horta, na discussão do Plano e Orçamento dos Açores para 2021, em resposta ao líder parlamentar do BE, António Lima, que o questionou sobre a construção de uma incineradora na ilha de São Miguel.
O deputado bloquista disse que o Plano e Orçamento para 2021 apresenta uma “lacuna de relevo”, uma vez que “nada é dito pelo governo para impedir” a construção da incineradora.
Alonso Miguel salientou que a iniciativa de construir uma central de valorização energética em São Miguel é da responsabilidade da empresa Musami e da Associação de Municípios da ilha (AMISM).
Segundo o secretário regional, se o entendimento daquelas duas organizações for construir “uma central de valorização energética em São Miguel, com tratamento mecânico e biológico a montante”, o Governo Regional “não deverá, obviamente, interferir nas competências próprias e legitimas dos municípios”.
Ao tomar a palavra, o parlamentar do CDS-PP Rui Martins acusou o BE de “chicana política” por trazer à discussão do tema da construção da incineradora.
Por seu lado, a deputada do PS Bárbara Chaves questionou o secretário regional sobre a empresa pública Azorina, que será extinta, tendo Alonso Miguel dito que os serviços daquela empresa continuarão a ser prestados por “intervenção direta” da secretaria regional.
O deputado do PSD/Açores Marco Costa elogiou o aumento de verbas destinadas a manter a paisagem da vinha do Pico, mas destacou a necessidade de investir em mais projetos para captação de água para a pecuária.
Pedro Neves, parlamentar único do PAN, disse ser necessário “mudar o paradigma” e alertou para os efeitos da agropecuária nas alterações climáticas.
O processo de construção da Central de Valorização Energética de São Miguel tem gerado polémica, começando pela contestação de movimentos cívicos e ambientalistas, que dizem que uma incineradora com a dimensão projetada na ilha de São Miguel irá colocar a ilha e, consequentemente, o arquipélago, longe das metas europeias de reciclagem.
Açores 24Horas c/ Lusa