A reunião de hoje entre Portugal e os EUA foi “útil e “produtiva” em relação à questão das Lajes, tendo havido “grande sintonia” entre a posição portuguesa e as expetativas dos Açores, disse o presidente do executivo açoriano.
“A forma como o Estado português se posicionou nesta reunião correspondeu às expetativas que o Governo dos Açores tinha”, disse Vasco Cordeiro aos jornalistas, em Ponta Delgada, enfatizando que houve uma “grande sintonia entre as posições” assumidas por Portugal e aquelas que o executivo regional tem manifestado em relação às Lajes.
Segundo Vasco Cordeiro, a reunião da comissão bilateral permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América (EUA), que decorreu em Lisboa, permitiu “constatar, de certa forma, a consciência, a lucidez da parte de todos os envolvidos quanto à necessidade de ser desenvolvido um trabalho muito aturado” e que “permita, neste quadro particularmente sensível, reparar os danos que a relação diplomática” entre os dois países “naturalmente sofreu” por causa da decisão norte-americana de reduzir o seu contingente nas Lajes e dispensar 500 trabalhadores portugueses.
Vasco Cordeiro considerou que esta reunião, a primeira após o anúncio da decisão norte-americana, “foi útil porque permitiu também recolher a sensibilidade” dos EUA em relação à forma como Portugal encara “os desafios” que a relação diplomática entre os dois países “tem pela frente”.
“E foi uma reunião produtiva porque permitiu, em primeiro lugar, que fosse já marcada uma reunião extraordinária da comissão bilateral permanente especificamente dirigida ao assunto Lajes” e porque “deu orientações claras no sentido de se intensificarem os contactos” entre os dois países e de haver “uma abordagem mais detalhada quanto às questões laborais, de infraestruturas” e outras “que dizem respeito também aos Açores”, acrescentou.
Segundo Vasco Cordeiro, haverá agora “comunicação formal”, pelas vias diplomáticas, entre os dois países relacionada com dados sobre as infraestruturas dos EUA na Terceira e relativos aos trabalhadores portugueses da base, tendo “ficado demonstrada” a necessidade de serem disponibilizados o quanto antes pelas autoridades norte-americanas para a partir daí se poder “construir efetivamente soluções” que sirvam os interesses da Terceira, dos Açores e da relação entre os dois países.
Vasco Cordeiro disse que, na intervenção que fez na reunião, abordou o plano de revitalização económica da Terceira que já apresentou ao primeiro-ministro e no qual propõe que o executivo nacional assegure junto dos EUA o financiamento de um programa de apoio à ilha de 167 milhões de euros anuais durante 15 anos.
No entanto, vincou de novo que este não é um assunto entre os EUA e os Açores, mas entre os governos dos dois países, cabendo ao executivo nacional, se assim o entender, reivindicar o apoio pretendido pela região junto de Washington.
Segundo um comunicado divulgado no final da reunião pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal e EUA voltam a discutir “em breve” o futuro da base das Lajes, num encontro em Washington, e vão intensificar consultas bilaterais para apresentar propostas sobre questões laborais, infraestruturas e compensações para os Açores.
Lusa