Sara Pereira foi a primeira estagiária açoriana a frequentar o International College Program, na Florida, em Orlando.
Depois de seis meses a estagiar em Orlando, na Florida, Sara Pereira, uma micaelense de 22 anos, afirma que as diferenças entre “o turismo nos Açores e na Florida são abismais”. A jovem sustenta que “enquanto que lá recebem milhões de turistas anualmente, no Arquipélago recebe-se o mesmo número ou menos a cada dez anos”.
Durante o estágio, Sara fez mais de nove mil check ins. “Este é um número que não seria possível atingir, em seis meses, na Região” diz, sustentando que na Florida “as taxas de ocupação são quase sempre próximas dos 100 %”.
O International College Program existe desde o final dos anos 70, “mas nunca ninguém dos Açores tinha frequentado o programa. Esta foi, também, a primeira vez que um aluno de uma escola profissional o fez, já que este projecto se destina essencialmente a estudantes universitários”, afirma.
O programa está essencialmente direccionado “a pessoas ligadas à área do turismo, pois a Disney é o maior destino turístico dos Estados Unidos e um dos maiores do Mundo, sendo necessário ter a noção de como lidar com os visitantes e como funciona esta indústria”, salienta.
O International College Program recebe formandos de mais de 30 países, sendo que os Açores “são o destino mais recente a participar neste programa. Tal, só foi possível através do Acordo de Cooperação Económica e Defesa existente entre Portugal e os Estados Unidos da América”.
Além do trabalho na Disney, os estagiários também tiveram a componente académica na Rosen School of Hopitality da University of Central Florida.
No que respeita ao trabalho realizado, a açoriana diz que “trabalhei mais do que pensei ser possível e fi-lo sempre com o maior dos prazeres”. Além disso, refere ainda que, “aprendi muito mais num mês do que aprenderia na Região num ano”.
Para Sara Pereira, o que há de melhor no turismo na Região são “as magnificas infra-estruturas e condições naturais que as ilhas apresentam, o património, o clima, o mar, a natureza, a calma, a segurança e a tranquilidade”. Por outro lado, um dos mais aspectos negativos é o facto de “não haver boas ligações aéras. Temos tarifas demasiado elevadas que não favorecem a entrada nem a saída de pessoas.” Sara Pereira aponta, ainda, como ponte menos positivo o “não haver a ideia de servir e bem servir. Aqui na Região não há a simpatia natural, em 99% dos casos vemos uma simpatia e disponibilidade forçadas.”
Porém, a jovem é da opinião que “ainda assim a hotelaria não está mal posicionada. Existem, contudo, casos gritantes e um longo trajecto a percorrer para se chegar a um nível de qualidade inegável”.
A profissional recebeu, até ao momento, propostas de trabalho, quer da Região, quer do Continente. Porém, afirma que as do exterior são mais aliciantes. “Surgiram oportunidades de ‘casino hostess’, diversos postos de recepção e de treino de funcionários como formadora interna.”
Por agora, todavia, pretende ficar pelos Açores, pois admite só ter conseguido “esta viagem com o apoio do Governo Regional, a nível financeiro”.
Percurso profissional de Sara Pereira
Sara Pereira é natural da Lombinha da Maia, fala cinco línguas, sendo elas português, inglês, francês, espanhol e alemão. Diz ser uma pessoa “que trabalha muito para seguir os seus sonhos”. A jovem tem noção de que para chegar onde chegou foi preciso “trabalho, responsabilidade, compromisso, sacrifícios, conhecimento específico e mais geral”. Fez o curso de Técnico de Hotelaria/Recepção e Atendimento nas Escola de Formação Turística e Hoteleira, de 2004 a 2007. Já passou “pelo Hotel S. Pedro, Terra Nostra, Hotel do Mar, Antillia Hotel Apartamento, pelo Wilderness Lodge e All Stars”. Actualmente trabalha com o grupo Bensaude, no S. Miguel Park Hotel.
In Expressodasnove online / Patricia Carreiro
Deixamos aqui este relato, com o intuito de dar a conhecer a outros jovens, as possibilidades destas bolsas, com testemunho de alguém que não teve medo de arriscar em prol da sua formação profissional e pessoal.
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