A companhia aérea SATA assegurou hoje ter respeitado todos os procedimentos na sequência do incidente de 4 de Agosto com o Airbus A320, no Aeroporto de Ponta Delgada, frisando que nunca esteve em causa a segurança do avião.
Quem tinha que intervir seguiu o que estava prescrito e concluiu que não havia nenhum problema que implicasse a imobilização da aeronave, afirmou António Gomes de Menezes, presidente da companhia açoriana.
O incidente ocorreu a 4 de Agosto, às 20:40, quando o A320 da SATA, com 166 passageiros e sete tripulantes a bordo, aterrou no Aeroporto João Paulo II, em Ponta Delgada, no final de um voo com origem em Lisboa.
Numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, convocada para divulgar as conclusões dos vários relatórios elaborados sobre o incidente, Gomes de Menezes frisou repetidas vezes que foi tudo cumprido escrupulosamente.
Em causa está o facto do avião, depois de ter feito uma aterragem com forte impacto no solo (hard landing) quando chegou a Ponta Delgada, ter continuado a voar durante dois dias até à realização de uma inspecção periódica que obrigou à sua imobilização por terem sido detectados danos no aparelho.
Na avaliação que foi feita, a todas as áreas que podem ser afectadas numa aterragem dura, não foram detectados danos que afectassem a integridade do avião, salientou Pedro Lopes, responsável pela frota de A320 da SATA.
Segundo este responsável, só mais tarde, numa inspecção mais detalhada, é que foi detectado um pequeno dano, mas frisou que nunca esteve em causa a segurança do avião.
Na sequência da descoberta deste pequeno dano, a Airbus accionou uma inspecção preventiva do avião, que apenas ficou concluída no final da semana passada e que, segundo o presidente da SATA, não detectou nada que possa inviabilizar a utilização desta aeronave, adquirida pela empresa em Junho.
Gomes de Menezes salientou, no entanto, que compete à Airbus decidir se e quando a aeronave reúne todas as condições para voltar a voar em completa e absoluta segurança, admitindo que a posição do construtor francês possa ser conhecida antes do final deste mês.
Durante a conferência de imprensa, os responsáveis da SATA afirmaram ter cumprido todos os procedimentos exigidos numa situação do género, salientando mesmo que a Airbus demorou alguns dias a descodificar os dados fornecidos pelos sistemas de bordo, que vieram a confirmar a ocorrência de uma Severe Hard Landing.
Segundo a empresa, a causa principal deste evento prende-se com uma perda de sustentação da aeronave, num curto espaço de tempo de dois segundos, o que provocou a activação da lógica secundária do sistema (saída dos ground spoillers no ar), que se tem revelado pouco apropriada nestes casos.
Nesse sentido, a SATA refere que a Airbus já alterou a lógica da saída dos ground spoillers nas frotas A340 e A330, faltando apenas a dos A320, que deve estar concluída em meados do próximo ano.
Na sequência do incidente ocorrido no início do Agosto, a Direcção de Operações de Voo recomendou, entre outras medidas, o reforço do treino especializado teórico e de simulador.
Por seu lado, a Direcção de Manutenção e Engenharia propôs o reforço do programa de formação sobre descodificação e interpretação dos dados do Load Report, o que permitirá uma mais rápida informação sobre as ocorrências que envolvem a aeronave.
Quanto ao Gabinete de Segurança de Voo, entre outras, recomendou uma revisão do procedimento de registo das suspeitas de hard landing, bem como o reformo do treino das tripulações para situações de bounced landing (quando o avião aterra ao segundo toque no solo).
A tripulação que estava aos comandos do A320 a 4 de Agosto foi suspensa até às conclusões dos vários inquéritos e vai agora efectuar um programa de recuperação para avaliar se tem condições para voltar a voar.