Secretária da Cultura dos Açores justifica exoneração de diretor com falta de lealdade e zelo

Foto - Governo Regional (Foto de Arquivo)

A secretária regional da Cultura, Ciência e Transição Digital dos Açores, Susete Amaro, justificou hoje o pedido de exoneração do diretor regional da Cultura, Ricardo Tavares, com falta de “lealdade e zelo”.

“O que levou a este pedido de exoneração foi um conjunto de várias situações que não se coadunam com a lealdade e com o zelo que deverá existir no exercício de um cargo desta natureza”, afirmou, em declarações à Lusa.

O executivo açoriano revelou, na terça-feira à noite, que o diretor regional da Cultura, Ricardo Tavares, iria ser exonerado do cargo, a pedido da secretária regional da tutela.

“O Governo dos Açores informa que a secretária regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital, Susete Amaro, solicitou ao presidente do Governo [Regional] a exoneração com efeitos imediatos do diretor regional da Cultura, Ricardo Tavares, pedido aceite por José Manuel Bolieiro”, anunciou o executivo açoriano, na sua página da internet.

A exoneração Ricardo Tavares do cargo de diretor regional da Cultura ainda não foi, no entanto, publicada em Jornal Oficial.

Questionada sobre as situações a que se referia quando falou em falta de lealdade e zelo, Susete Amaro não quis especificar.

“Não pretendo particularizar nenhuma em concreto, porque são várias situações”, adiantou.

Num email, enviado na segunda-feira à tarde, Susete Amaro disse ter dado instruções aos funcionários da Direção Regional da Cultura para que a partir daquele dia não cumprissem “qualquer despacho, instrução ou email emanado” por Ricardo Tavares.

“A partir deste momento, retiro-lhe todas as suas competências, bem como a confiança política”, lê-se na comunicação assinada pela secretária regional.

Confrontada com o conteúdo deste email, que começou a circular nas redes sociais, Susete Amaro garantiu que a decisão de exoneração já tinha sido comunicada anteriormente ao diretor regional e que foi enviada também uma carta a Ricardo Tavares.

A governante lamentou ainda que o email, enviado a várias pessoas, tenha sido tornado público.

“Não deveria ter acontecido. Provavelmente, terei de instaurar um processo de averiguações para saber como é que essa situação se procedeu”, adiantou.

Contactado pela Lusa, o padre Ricardo Tavares optou por não prestar declarações.

O Governo Regional dos Açores, que tomou posse em novembro de 2020, resulta de uma coligação de três partidos (PSD, CDS-PP e PPM), que conta com o apoio parlamentar de Chega, Iniciativa Liberal e do deputado independente (ex-Chega).

Susete Amaro foi indicada pelo PSD para a tutela da pasta da Cultura, da Ciência e Transição Digital e Ricardo Tavares indicado pelo PPM.

Ao longo do mandato, por várias vezes, a secretária regional e o diretor regional apresentaram divergências publicamente.

O caso mais mediático esteve relacionado com um pedido de transferência de um boi anão empalhado da coleção do Museu Carlos Machado para o Ecomuseu do Corvo, dirigido por Deolinda Estêvão, mulher do líder do PPM/Açores, Paulo Estêvão.

Apesar dos pareceres negativos do diretor do Museu Carlos Machado, Duarte Melo, e do responsável pela coleção de História Natural, João Paulo Constância, o diretor regional da Cultura aceitou o pedido de transferência.

Essa decisão acabaria por ser revertida pela secretária regional da Cultura, Ciência e Transição Digital, que permitiu uma cedência temporária, desde que garantidas todas as condições técnicas para a conservação da peça.

 

 

Lusa

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