O presidente do Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP), Carlos Torres, alertou hoje para as condições precárias da PSP nos Açores, acusando o Estado de falhar nas suas obrigações.
Em comunicado divulgado hoje, Carlos Torres refere que visitou na semana passada a ilha de São Miguel e relata o que encontrou em diversas esquadras, nomeadamente na Ribeira Grande, onde “as condições apresentadas são precárias”.
“Desde 2009, ou seja, há 15 anos que esta esquadra funciona num espaço provisório ao lado do quartel de bombeiros, adaptado na altura de forma apressada e totalmente inadequada”, refere o sindicalista.
Ainda de acordo com o presidente do SIAP, a Câmara Municipal da Ribeira Grande “tem feito esforços para, através do seu orçamento, construir um local adequado de trabalho para estes polícias e para o atendimento dos cidadãos”, mas, “até há data, a esquadra permanece em condições precárias”.
Já relativamente à esquadra de Lagoa, Carlos Torres salienta que as condições apresentadas nas camaratas “são, no mínimo, incipientes”, com uma caldeira que “não permite fornecer água quente aos homens e mulheres” que ali pernoitam, “obrigando-os a tomar banho de água fria em pleno inverno”.
As camaratas da esquadra de Vila Franca do Campo “enfrentam um problema semelhante, tendo por isso sido desativadas, uma vez que não se conseguiram substituir as tubagens”, acrescenta.
O SIAP aponta ainda que na esquadra de Capelas o duche que serve os agentes “localiza-se na única casa de banho existente, que serve polícias e cidadãos, e onde os armários dos elementos policiais ficam no sótão, partilhado com baratas e ratos”, enquanto a esquadra da Calheta “está há três semanas sem viaturas”, ficando o posto mais próximo a 40 minutos de distância.
Segundo o dirigente sindical, “existem ainda queixas reiteradas sobre a SAD PSP, um subsistema de saúde que, para os polícias do Comando Regional dos Açores, nada mais é que um imposto, pago ao longo de 14 meses, uma vez que não existem acordos ou convenções em vigor, obrigando os elementos a procurar ajuda no continente, apesar das questões e custos logísticos que essa opção acarreta”.
Carlos Torres indica ainda que os polícias de São Miguel estão impedidos de fazer formação “por falta de recursos financeiros para cobrir as passagens aéreas”,
“Estes homens e mulheres possuem imensos deveres, mas os seus direitos, como o direito à família, ao descanso, à saúde, à proteção da justiça e, sobretudo, à higiene e segurança no trabalho são por norma ignorados. O Estado exclui-se de responsabilidades, falhando grosseiramente, quando será sua obrigação oferecer condições de trabalho dignas”, acusa o sindicato.
Lusa