O Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA) alertou hoje para “uma acentuada quebra de colocações” face ao ano anterior na região, frisando que ficaram “desempregados” cerca de 200 docentes, o que terá implicações “no apoio nas escolas”.
“Os cerca de 200 docentes que trabalharam até 31 de agosto passado e que agora se encontram desempregados estão profundamente revoltados, sentindo que fazem parte de um joguete de colocações que tem vindo a oscilar anualmente, sem qualquer justificação plausível”, disse a presidente do sindicato, Sofia Ribeiro.
Numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, a propósito do arranque do novo ano letivo, a dirigente sindical disse que os números avançados pela tutela “não servem em absoluto” de argumento para justificar esta redução.
“O menor número de contratações do pessoal docente é muito superior à diminuição do número de alunos, porque a redução de alunos não se verifica agrupada por escola e ciclo de ensino”, frisou Sofia Ribeiro, para quem “compete” ao secretário regional da Educação “corrigir de imediato as falhas da sua contabilização de recursos docentes necessários”.
Se “uma escola pede três professores de educação especial, não compreende o sindicato como é que a Secretaria Regional só coloca um”, apontou.
De acordo com o SDPA, “só no primeiro ciclo do ensino básico foram colocados cerca de menos 40 docentes em toda a Região”.
“Como a turma padrão nesse ciclo de ensino é de 20 alunos, isso só seria justificado se tivéssemos menos 800 alunos do 1.º ao 4.º ano de escolaridade, todos eles distribuídos em núcleos de 20 por escola”, afirmou.
“Houve, de facto, uma redução de cerca de 850 alunos, mas distribuídos do pré-escolar ao 12.º ano, compreendendo-se facilmente que se uma escola tem menos dois alunos no 1.ºciclo, tal não justifica a redução de um professor”, acrescentou Sofia Ribeiro, afirmando que a quebra no número de professores colocados terá repercussões no “apoio aos alunos com mais dificuldades de aprendizagem, com particular incidência no 1.º ciclo”, como também no “apoio especializado” no ensino especial.
A presidente do SDPA disse ainda ter recebido “muitas denúncias de situações em que foram colocados docentes para lecionar áreas para as quais não detêm habilitação profissional, estando a funcionar como tapa-buracos, face à não colocação dos professores requeridos e necessários”.
“Há educadores de infância e professores do 1.º ciclo a trabalharem com alunos com necessidades educativas especiais, há professores de Biologia a lecionar Físico-Química a alunos que não estão integrados em turmas do ensino regular. Esta situação é inadmissível, em especial na nossa Região, que tem vindo a ser colocada na cauda do país e da Europa no que concerne aos resultados escolares”, disse.
O SDPA abordou ainda a questão do combate ao insucesso escolar, considerando que “é tempo de dizer não às ilusões mascaradas de programas inovadores de combate ao insucesso escolar, como é o caso do Programa Fénix e do Programa Oportunidade”.
Lusa