O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), que emitiu um pré-aviso de greve para quinta e sexta-feira para a transportadora aérea açoriana SATA, afirma que “o grau de insatisfação nunca foi tão grande”.
“As reivindicações dos tripulantes de cabine acontecem porque o grau de insatisfação nunca foi tão elevado como o verificado atualmente, devido aos reiterados incumprimentos da Lei portuguesa e dos acordos de empresa”, lê-se numa carta aberta do SNPVAC, hoje publicada na imprensa açoriana.
No documento, o sindicato aponta, ainda, as “faltas de respeito da empresa para com os seus tripulantes e condições de trabalho”, a “falta de uma gestão profissional, que deveria ser executada por conhecedores do setor de aviação, o que não acontece”, justificando que a paralisação “deve-se, em particular, à falta de capacidade de diálogo dos interlocutores da SATA e da falta de interesse da tutela”, a Secretaria Regional dos Transportes e Obras Públicas.
A publicação da carta surge no dia em que está prevista uma nova reunião, em Lisboa, entre a administração da SATA e o sindicato, e um dia depois de uma audiência que elementos do SNPVAC tiveram com o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, onde esteve também o secretário dos Transportes, Vítor Fraga.
Na missiva, o sindicato sustenta que “a tutela devia ter uma preocupação acrescida com uma das maiores empresas dos Açores, o porta-estandarte do arquipélago” que, “caso venha a encerrar, poderá provocar uma desestruturação social e financeira”.
“O facto de a SATA e a tutela na quererem cumprir com o que está previsto na Lei e nos acordos de empresa assinados leva-nos a acreditar na existência de um plano de contornos obscuros, usando como desculpa ou bode expiatório os seus trabalhadores”, refere.
Segundo o sindicato, “este plano poderá ter como base o encerramento da empresa ou a desvalorização da mesma para uma posterior venda a privados”, notando que “uma empresa sem acordos de empresa nem direitos laborais pode tornar-se muito mais apetecível a um privado”.
Para o SNPVAC, “os tripulantes de cabine da SATA não podem aceitar mais que sejam eles e os restantes trabalhadores do grupo a financiarem os normais equívocos de gestão, nem uma suposta melhoria nas contas da empresa, feita apenas à custa de cortes salariais, dos direitos laborais e na redução de condições de trabalho”.
Pedindo “sinceras desculpas aos passageiros pelos inconvenientes causados” pela greve, o sindicato nota que estes “não têm culpa da inexistência de uma gestão profissional e de uma tutela que tudo tem feito para destruir a SATA e prejudicar os açorianos”.
Na apresentação do Programa do Governo, em novembro, no parlamento regional, na Horta, ilha do Faial, Vítor Fraga afirmou que “se pretende manter na esfera pública regional” o grupo SATA.
Lusa