As explicações foram dadas hoje pelo secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, no plenário da Assembleia Legislativa dos Açores, na Horta.
“No grupo central, no triângulo, existe já um conjunto de ligações estabelecidas que potenciaram claramente o tráfego marítimo. Temos aqui uma base de trabalho”, disse, acrescentando que estão em causa “coisas muito sérias, que envolvem recursos públicos e mexem com a vida das pessoas”.
“Não podemos estar a dar tiros para o ar a ver se pega. Temos de pegar naquilo que está consolidado e adaptar àquilo que queremos fazer para o futuro e fazer progredir progressivamente para todas as ilhas”, acrescentou, em resposta a questões da oposição.
Vítor Fraga reiterou ainda que até final do ano ficarão definidas as obrigações de serviço público para o transporte marítimo na região e arrancará o sistema integrado de transportes nas ilhas do triângulo.
“Iremos implementar um circuito regular de passageiros e de carga rodada entre as ilhas do Grupo Central, com um tarifário equilibrado e que sirva de regulador de mercado para todo o tráfego na região. Trata-se ter uma postura integrada, global, uma visão estratégia que irá certamente revolucionar o transporte marítimo de passageiros e de carga na região”, afirmou, acrescentando que o objetivo é “dinamizar” a economia do arquipélago e de cada uma das ilhas.
Vítor Fraga falava durante o debate de uma proposta do PCP que recomendava ao Governo Regional a compra de uma embarcação para garantir uma ligação regular durante todo o ano entre as ilhas de São Miguel e de Santa Maria e que foi rejeitada pela maioria socialista no parlamento açoriano. PSD, BE e CDS-PP abstiveram-se, enquanto o PPM votou a favor.
O secretário regional dos Transportes considerou a proposta do PCP uma “medida avulsa” e que “não se enquadra naquilo que deve ser a boa gestão dos recursos públicos da região”.
BE e PSD justificaram a abstenção por se prever que, dentro de alguns meses, esteja concluído o processo de definição das obrigações de serviço público no transporte marítimo e o arranque a primeira fase do plano integrado de transportes.
O deputado do PCP, Aníbal Pires, disse ser favorável à criação de um sistema integrado de transportes, mas considerou que “não é razão para atrasar” um “projeto essencial” como o de haver uma ligação regular entre as duas ilhas do grupo oriental.
O deputado comunista defendeu que a ligação marítima regular e permanente entre Santa Maria e São Miguel tem um “mercado potencial” de 150 mil passageiros que teria “resultados positivos” ao nível da economia das duas ilhas.
Vítor Fraga, em resposta, questionou a “sustentabilidade” de uma operação como a defendida pelo PCP quando, em julho e agosto, a “época alta”, a média de passageiros entre as duas ilhas, nos barcos, é de 3.300 pessoas por mês.
“Um navio, para prestar este tipo de serviços, tem de conciliar claramente carga e passageiros. E tem de ser numa perspetiva concertada, não pode ser uma perspetiva única de servir São Miguel e Santa Maria. Tem de ter uma perspetiva única de servir os Açores. Chegar a São Miguel e poder partir para qualquer uma das outras ilhas com a carga que veio de Santa Maria. Os transportes não são um fim, são um meio de dinamizar a economia açoriana”, afirmou.
Lusa