Paulo Estêvão defendeu a necessidade de apoiar idosos, jovens, desempregados e deficientes, frisando que, se faltar dinheiro, ele pode ser encontrado “esgravatando no último cais de cruzeiros ou na última campanha de promoção turística”.
Para combater a pobreza, avançou propostas como a promoção de políticas de proximidade através das juntas de freguesia, a abertura das cantinas escolares ao fim de semana e nas férias, a criação de bolsas de mérito para alunos socialmente desfavorecidos e uma rede de excedentes alimentares para distribuir pelas famílias carenciadas.
Na resposta, a secretária regional do Trabalho e Solidariedade Social, Ana Paula Marques, recordou que o executivo criou uma “rede exemplar” de apoio social e desenvolveu políticas de promoção de emprego e habitação para os mais carenciados.
“Não há mais pobres nos Açores”, afirmou, defendendo que a pobreza não está a aumentar na região e que a oposição “não pode querer que se erradique numa década a pobreza de uma região que era a mais pobre do país” (em 1996, quando o PS chegou ao poder).
Esta afirmação mereceu críticas de João Bruto da Costa, do PSD, para quem Ana Paula Marques “não vive neste mundo”.
“Não há mais pobres nos Açores?”, questionou, frisando que as estatísticas e as notícias demonstram o aumento da pobreza na região.
No mesmo sentido, Artur Lima, do CDS-PP, afirmou que “há mais pobres nos Açores”, defendendo que o executivo “tem que ser realista e encarar a realidade de frente”.
“O governo não teve eficácia no combate à pobreza, preocupou-se muito com as obras públicas”, frisou.
Por seu lado, Zuraida Soares, do BE, considerou que “a pobreza estrutural tem vindo a aumentar nos Açores”, denunciando o crescente “fosso entre ricos e pobres”, enquanto Aníbal Pires, do PCP, denunciou o “ciclo de empobrecimento” e questionou qual a estratégia do executivo para inverter este quadro.
O agravamento da situação social nos Açores acabou por ser também admitida pela maioria socialista, com a deputada Nélia Amaral a afirmar que a “situação excecional” que atravessamos faz com que alguns indicadores sejam atualmente piores do que em 2008.
A deputada considerou, no entanto, que essa comparação só pode ser feita “de má-fé”, recordando as melhorias sociais registadas nos Açores com os governos socialistas.
Para o social-democrata Bruto da Costa, o executivo e a maioria socialista “insistem no discurso da negação”. O deputado salientou que, apesar de haver mais pobres e mais desempregados, “para o governo parece estar tudo bem”.