A sobrevivência ao cancro do cólon, reto e mama melhorou significativamente entre 2000 e 2011, segundo o relatório sobre a Incidência, Sobrevivência e Mortalidade de todos os tumores na população portuguesa adulta na região sul de Portugal.
Editado pelo Registo Oncológico Regional — Sul, o documento apresenta os resultados de 2010 e 2011 da incidência, sobrevivência e mortalidade por cancro, ocorridos na população nas quatro regiões de saúde: Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Região Autónoma da Madeira.
O documento será hoje apresentado em Lisboa, bem como dados sobre a sobrevivência aos tumores no período compreendido entre 2000 e 2011.
Segundo Ana Miranda, diretora do ROR-Sul, a sobrevivência ao cancro é “o indicador global da atuação dos serviços de saúde”.
Na comparação dessa década, e em relação ao tumor do cólon, cuja sobrevivência é baixa (ronda os 50%), foi registada uma melhoria da sobrevivência aos três anos que, nos mais novos, aumentou de 68% para 79%.
Para Ana Miranda, esta melhoria — que se esbate a partir dos 75 anos — deve-se à sua identificação em estadios mais precoces e também à melhoria da terapêutica.
O cancro do cólon passou, em 2010 e 2011, a ser o terceiro com maior incidência na zona sul do país.
No tumor do reto, as melhorias globais foram “substanciais”, passando dos 54% para os 61% aos três anos.
“A diferença ainda é melhor nos grupos mais jovens, passando dos 64% para os 78%”, adiantou.
Também no cancro da mama a sobrevivência melhorou, com Ana Miranda a considerar que será “muito difícil” melhorar estes valores.
“Passámos de 84% para 87% aos três anos”, disse.
Já em relação ao cancro do pulmão, os dados de uma década não apontam para grandes diferenças em relação à sobrevivência, que “é muito pobre”, tendo apenas passado dos 12% para os 14% aos três anos.
Contudo, Ana Miranda está confiante que, “nos próximos anos, com a saída das novas moléculas”, a sobrevivência vá melhorar.
Para tal deverá igualmente contribuir as medidas legislativas contra o tabaco.
Segundo Ana Miranda, existem hoje muito menos fumadores passivos, o que deverá seguramente melhorar a taxa de sobrevivência a este cancro.
Em relação ao relatório, a diretora do ROR-SUL sublinhou a necessidade dos serviços estarem preparados para o aumento do número de tumores.
“Dentro de uma ou duas décadas, os casos de tumores vão ser ainda maiores”.
Os dados do ROR-Sul indicam que, em 2010, e por 100 mil habitantes, o cancro da tranqueia, brônquios e pulmões matou 1.839 pessoas, o do cólon 1.369 e o do estômago 921.
Em 2011, os tumores da traqueia, brônquios e pulmões foram responsáveis por 1.797 mortos por 100 mil habitantes, o do cólon por 1.335 e o do estômago por 1.008.
Lusa