Sócrates: “Não governo com o orçamento dos outros”

socratesJosé Sócrates não admite erros na governação. O governo fez e vai fazer o que pode mas em Maio “estava convencido” de que não eram necessárias mais medidas do que aquelas que foram avançadas no chamado PEC II. Agora, depois do anuncio do PEC III, Sócrates não desarma na dramatização. Caso o Orçamento do Estado para 2011 não seja aprovado na Assembleia da República, o primeiro-ministro demite-se. “Alguém pode pedir a um governo que governe com o orçamento dos outros?”, questionou em entrevista à RTP para logo depois lançar o repto à oposição. “Se a oposição quiser” que o governo trabalhe com um orçamento deles, “venha para o governo.”

Nas justificações, Sócrates mantém que “não foi um erro não ter tomado medidas de receita rápida” como outros países e voltou a dizer que só irá reduzir os salários da função pública porque “o interesse nacional o impõe”. O primeiro-ministro não quis adiantar quem vai ser sujeito ao corte máximo de 10%: “um número que será primeiro divulgado aos sindicatos”, explicou.

O interesse nacional serviu ainda de justificação para manter o troço de TGV que liga Caya ao Poceirão: “Temos de pensar no futuro e temos de pensar num futuro sem medo.” O argumentário foi semelhante para o congelamento do salário mínimo nacional (faça Zoom páginas 18-19).

Sócrates disse ainda que as medidas serviram para reduzir a despesa pública “que está a declinar lentamente mas ainda vai declinar mais”, garantiu. A culpa continua a ser a desconfiança dos mercados internacionais e as “dúvidas recentes sobre a redução da despesa, lançadas em Portugal” não ajudaram na opinião do primeiro-ministro.

No rol de medidas tomadas houve uma que nunca foi ponderada: o corte no subsídio de Natal por “não ser uma medida estrutural.” De fora das hipóteses estão também cortes nas reformas acima dos 1500 euros.

Manifestação Ontem vários foram os políticos que voltaram a manifestar a discordância com as medidas de austeridade – o já chamado PECIII.

O Presidente da República recusou comentar o debate quinzenal com o primeiro-ministro no parlamento: “Não acompanhei, estava a trabalhar como é habitual”, admitiu. E não disse uma palavra sobre as novas medidas anunciada. Quando questionado sobre o clima das negociações para o OE, Cavaco desviou a resposta e falou do tempo: “O clima tem sido bastante bom, é uma primavera que continua, como já repararam todos”, disse.

Já o candidato presidencial Fernando Nobre voltou a apontar culpas ao Presidente e ao candidato Manuel Alegre: “Foram durante décadas representantes activos das políticas de desastre económico a que hoje chegámos.”

Depois de no debate quinzenal Sócrates ter contrariado o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, sobre os salários da Função Pública, Jerónimo de Sousa apontou o dedo: “Esperamos não ser confrontados com a ideia do polícia bom e do polícia mau, em que Sócrates não quer assumir e o ministro das Finanças, à cautela, vai lembrando que não vai ser assim, que vai prosseguir esta ofensiva e que cortes dos salários da administração pública” são uma”medida que tende a prolongar-se no tempo.”

Já a CGTP confirmou  a greve geral para 24 de Novembro contra as medidas apresentadas pelo executivo.

 

 

 

Liliane Valente , in Jornal I

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