Maria Margarita, Belga, pintora e artista musical, 24 anos, formação académica na Academia de Belas Artes da Bélgica…sonho – Prestar Serviço Comunitário na Guatemala.
Maria – de olhar acanhado, mas de carácter decidido, abandonou a Bélgica há uns meses com um destino de sonho – Guatemala. País de onde é oriunda a sua mãe e onde Maria Marguerita pretende cumprir algum tempo de serviço comunitário, ajudando essencialmente as crianças toxicodependentes de rua.
Esta seria uma história como tantas outras não tivesse esta senhorita na bagagem um instrumento jamais visto por estas bandas e ao jeito de flauta de Hemelin encantou-nos com sons e energias positivas que despertaram não só os sentidos, mas também a curiosidade de muitos.
Hang Drum, assim se chama o instrumento de percussão, tem um formato oval, parecesse com um ovni, ou mesmo uma cataplana, mas tem o som ancestral de vários instrumentos num só… é como se ouvíssemos um grupo musical composto por berimbau, jambé, harpa e até violino, cujo desempenho é apenas a duas mãos (literalmente).
Apenas fabricado na Suíça, o seu valor chega facilmente aos 1500/2000€, uma vez que é feito artesanalmente, sendo que as listas de espera para aquisição podem ultrapassar um ano. O seu formato actual é a 4ª geração de Hang Drums, sendo o resultado da união de duas peças de aço, fundidas em temperaturas elevadas, diz-se que não existem mais de 5000 expemplares.
Não há escolas nem partituras para este instrumento, quem o “adopta” toca por improviso, cria as suas próprias melodias.
Desde que conheceu o Hang Drum, há 4 anos na Holanda, Maria tem-se aperfeiçoado e é com ele que ganha a vida, em espectáculos de rua por toda a Europa, encantando todos por onde passa.
Em Portugal á cerca de 2 meses e depois de uma passagem por Lisboa, S. Miguel foi a sua primeira paragem nos Açores, onde tocou em bares acompanhando grupos musicais, tendo mesmo curiosamente encontrado outro tocador de Hang Drum por lá.
Por cá foi possível ouvi-la no Bar Azul ( Clube Naval). Neste momento encontra-se em São Jorge a divulgar o seu trabalho, regressando ao Faial novamente a 10 de Dezembro.
Por essa altura deverá ser possível ouvi-la novamente nos bares da Horta, pelo menos assim espero.
Maria organiza também por onde passa, pequenos concertos nas escolas onde explica a história do instrumento, e onde as crianças podem mesmo experimentar tocar também.
Foi nesse sentido que visitou o Colégio de Santo António, onde as crianças ficaram maravilhadas com este instrumento de formas tão peculiares.
Tânia Jorge – Directora Técnico Pedagógica do Colégio de Santo António, salienta que estas iniciativas são sempre uma mais valia para as crianças, especialmente neste colégio onde muitas das crianças frequentam o Conservatório. Salienta também o facto de este ano todas as turmas terem formação musical, com um formador contratado pelo colégio.
Este percurso escolhido por Maria Marguerita para chegar á Guatemala é de facto bem mais enriquecedor do que apanhar um avião. Espero sinceramente que consiga transmitir ás crianças da Guatemala a alegria e energia positiva que coloca em cada nota que toca.
Sissa Madruga