Spreads bancários preocupam imobiliárias

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Empresas imobiliárias da ilha de São Miguel acusam a banca de estar a dificultar a retoma da actividade ao aumentarem os spreads e tornarem mais rígidos os critérios para a concessão de crédito.

 

As imobiliárias admitem que até começaram o ano relativamente optimistas com os sucessivos anúncios de redução das taxas de juro, o que abria portas, face à redução do preço do dinheiro, a boas oportunidades de negócio.

 

Contudo, advertem que “logo a banca decidiu aumentar os spreads” e as expectativas não chegaram a concretizar-se.

“De que serve o dinheiro mais barato se depois os spreads aumentam consideravelmente?”, questiona António Machado, proprietário da imobiliária A. Machado.

 

O mesmo salienta que “depois de vários escândalos bancários o Governo emprestou dinheiro à banca, mas essa “escraviza” a sociedade”.

António Machado pergunta ainda “quem põe termo à libertinagem dos bancos?” para defender que “se devia nacionalizar a banca em Portugal tal como acontece noutros países bem mais ricos”.

 

Miguel Tavares, da imobiliária REMAX, para além da equação taxas de juro/spreads destaca o que está a passar-se com os critérios de avaliação bancária.

Considera que a filtragem está a criar dificuldades tanto para quem pretende comprar casa como para quem quer vender. “Os bancos estão mais rigorosos e menos flexíveis e logo mais lentos na aprovação do crédito, pelo que “temos (imobiliária) muitos processos pendentes face ao que normalmente sucedia”, explica Miguel Tavares.

 

Hermano Rego, proprietário de uma imobiliária com o mesmo nome, acrescenta que a banca não está a emprestar a totalidade do dinheiro necessário para a compra da habitação.

“Antes da crise financeira e económica os bancos emprestavam 100%. Agora a base está entre os 80 a 85% e as pessoas têm que ter o resto do dinheiro, ou nada feito”, refere.

 

No entanto Hermano Rego entende que após um começo de ano (Janeiro e Fevereiro) semelhante ao último trimestre de 2008, em que foi notória tanto a desconfiança generalizada como um clima de expectativa quanto à evolução das taxas de juro, “a partir do mês de Março, com a definição da Euribor, e mesmo apesar do aumento dos spreads, já se começou a notar maior interesse dos clientes”.

 

“Posso até dizer-lhe que os telefones voltaram a tocar”, acrescenta o empresário.

Gilberto Pavão, da imobiliária Habimax, considera que a par das questões colocadas pela banca acresce “o grande receio das pessoas em perderem o emprego”, o que está a “tornar ligeiramente pior o negócio” neste início de ano.

Para Gilberto Pavão, a “instabilidade laboral está mesmo a pesar bastante na decisão de compra de casa”.

Todos os responsáveis de imobiliárias com quem falámos admitem que têm vindo a adoptar um conjunto de estratégias para enfrentar o actual período.

Apelar à descida de preços junto dos proprietários das habitações, promover campanhas de saldos, criar uma bolsa de permutas e ainda aceitar propostas dos clientes são apenas algumas das estratégias apontadas para combater a queda no mercado.

 

Alguns dos agentes imobiliários com quem falámos – portanto, não todos – admitem que a nível da ilha de São Miguel há excesso de oferta, no entanto recusam que estejam a ser praticadas comissões elevadas, sendo que essas oscilarão entre os 3 a 5 por cento.

“São valores muito inferiores aos praticados noutras regiões da Europa Comunitária, onde se verificam comissões de 7 e 8 por cento e até percentagens superiores”, asseguram.

 

 

 

 

AO

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