Tauromaqui​a: Feira de São João arranca no sábado, em Angra do Heroísmo, com três corridas

A Feira de São João leva à cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores, a partir deste sábado, três corridas de praça com nomes nacionais e internacionais do toureio a pé e a cavalo.
Segundo o presidente da Tertúlia Tauromáquica Terceirense (TTT), Arlindo Teles, os matadores que compõem o cartaz fazem desta feira, inserida nas festas Sanjoaninas, uma das melhores do país.
“Em termos de toureio a pé não tenho qualquer dúvida de que nos temos afirmado como a melhor feira taurina de Portugal”, salientou, em declarações à Lusa, admitindo que a nível de toureio a cavalo há feiras mais fortes, até porque os cavaleiros vão sempre em menor número à ilha, para dar lugar aos artistas locais.
A Feira de São João arranca no sábado com um concurso de ganadarias, disputado entre Rego Botelho, Casa Agrícola José Albino Fernandes e João Gaspar.
Os touros pegados pelos dois grupos de forcados da ilha Terceira serão lidados por João Salgueiro, Tiago Pamplona e João Pamplona, que tira alternativa, sendo o sexto cavaleiro a fazê-lo nos Açores e o terceiro no ativo.
No dia 24, a corrida comemora o 40.º aniversário do Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense, contando com João Salgueiro, Rui Lopes e João Salgueiro da Costa como cavaleiros.
A encerrar, no dia 30, há uma corrida apenas com toureio a pé, com Jiménez Fortes, Javier Castaño e Enrique Ponce, que foi uma contratação difícil, segundo Arlindo Teles, tendo em conta que não é permitida a sorte de varas.
“Conseguimos ultrapassar esta questão, em termos de contratação, claro que em termos artísticos vai ser sempre um ‘handicap’. Sem sorte de varas, a qualidade do toureio não é a mesma”, salientou.
Além de ser apreciado pelos terceirenses, o toureio a pé dá “projeção internacional” à feira, que a organização quer afirmar como um cartaz turístico.
“É um produto recente, não podemos esperar que, de uma hora para a outra, venham aviões cheios de turistas, mas os primeiros frutos já se começam a notar. Não temos qualquer dúvida de que há um enorme potencial turístico”, salientou, acrescentando que este ano são esperados grupos de França, Espanha e do continente português.
Arlindo Teles considerou que o caso da ilha Terceira é “paradigmático” pelo número de aficionados numa terra pequena, com cerca de 55 mil habitantes, salientando que as touradas já fazem parte do ADN dos terceirenses.
“Se pensarmos que por ano se dão mais de 250 touradas à corda é um número incrível, normalmente as pessoas têm alguma dificuldade até em acreditar nisto”, salientou, acrescentando que existem quatro ou cinco ganadarias de lide para as corridas de praça e umas 15 para as touradas à corda.
O presidente da TTT salientou que a tauromaquia já existe na ilha Terceira há “pelo menos 400 anos”, apontando o facto de a coroa portuguesa ter colocado o poder na ilha até ao limiar do século XIX e princípios do século XX como uma possível justificação para a predominância do gosto pelas manifestações taurinas.
Arlindo Teles acredita que a ocupação espanhola, entre 1582 e 1640, também teve influência nesse gosto, porque muitos dos touros que iam para as colónias espanholas passavam pela ilha.
No século XIX, recordou, a ilha chegou a ter duas praças ao mesmo tempo, “onde se davam 40 a 50 espetáculos por ano, na altura em número superior às touradas à corda”, com cartéis invariavelmente mistos, com um cavaleiro e dois matadores.

 

Lusa

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