“Hoje, vamos trabalhar durante o dia para que os voos sejam realizados para além dos serviços mínimos, de modo a que as pessoas consigam todas chegar a casa antes do Natal”, adiantou, em declarações à Lusa, o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac) Marco Soares.
Contactado pela Lusa, o porta-voz da companhia aérea açoriana SATA, António Portugal, disse, no entanto, não ter confirmação da realização de voos para além dos decretados como serviços mínimos.
“Os que foram cancelados não vão ser realizados. Pode haver a hipótese, se houver alguma orientação nesse sentido, de uma reprogramação para proteger alguns passageiros em alguns voos”, admitiu António Portugal, sublinhando que essa hipótese “não está confirmada”.
A greve de três dias (de sábado a hoje) foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac) e pelo Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (Sitema), afetando apenas os voos inter-ilhas.
O Tribunal Arbitral decretou a realização de 16 ligações no sábado, 18 no domingo e 22 hoje.
De acordo com a SATA, no primeiro dia de greve foram cancelados 15 voos e no segundo dia oito, mas nos dois dias anteriores à greve o mau tempo condicionou também várias ligações aéreas, entre as ilhas e com o continente português, deixando cerca de 2.000 pessoas em terra.
Segundo o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil, faltam ser reacomodados em voos antes da noite da consoada 240 passageiros.
“Vamos suspender, entre aspas, a nossa greve e pensar nas pessoas, porque é o mais importante para nós”, salientou Marco Soares, alegando que nunca foi objetivo do sindicato prejudicar “quem não tem qualquer culpa neste assunto”.
Com a realização de voos para além dos serviços mínimos hoje, e se as condições meteorológicas o permitirem na terça-feira, há, segundo o sindicalista, a possibilidade de todas as pessoas chegarem à ilha de destino antes do Natal.
“Se [as condições meteorológicas] forem favoráveis, a realização desses voos extraordinários vai permitir a todas as pessoas chegarem a casa”, afirmou.
Marco Soares disse, no entanto, que “não houve qualquer acordo com a empresa”, nem mesmo “contacto com a administração”, para que a greve fosse suspensa.
“Da parte dos técnicos de manutenção de aeronaves tudo fizemos para que essa greve de três dias não existisse. Foi sempre a nossa vontade que não chegasse. Da outra parte não houve essa mesma vontade e até houve a afirmação de que não estavam minimamente preocupados com a greve no Natal”, frisou.
Os trabalhadores reivindicam uma “valorização profissional”, alegando que há funcionários “constantemente a sair” para outras companhias aéreas.
“É uma carreira que está muito valorizada no mercado e que a empresa não quer reconhecer. E também há uma necessidade de fixar na SATA estes trabalhadores, que têm uma certificação difícil de obter e que a empresa está a deixar sair todos os anos, porque não paga de acordo com o que o mercado está a indicar que deve pagar”, referiu o dirigente do Sintac Filipe Rocha, em declarações à Lusa, no primeiro dia de greve.
Os técnicos de manutenção de aeronaves da SATA Air Açores já se encontravam em greve à realização do trabalho noturno a efetuar das 24:00 às 08:00, bem como à prestação de trabalho extraordinário, desde 28 de outubro.
Para a companhia aérea, as reivindicações apresentadas “continuam a ser consideradas incomportáveis pelo conselho de administração”, tendo em conta o “difícil contexto que atravessam as empresas que constituem o grupo empresarial”.
O grupo SATA fechou 2018 com um prejuízo de 53,3 milhões de euros, um agravamento de 12,3 milhões face ao ano de 2017.
De acordo com o relatório de contas do primeiro semestre de 2019, o grupo registou prejuízos de 26,9 milhões de euros na Azores Airlines e de 6,6 milhões na SATA Air Açores nos primeiros seis meses do ano.
Lusa