“Transinsular não vai receber nada” pelo Viking

antonio-raposo“Rigorosamente nada, a não ser a simpatia da Atlânticoline e da Região”, assegurou o presidente do Conselho de Administração da Atlânticoline quando questionado pelo AO sobre eventuais contrapartidas à Transinsular pela contratualização do afretamento do Viking.
António Raposo esclareceu que a empresa privada de transporte marítimo de carga se ofereceu para ‘fechar’ o contrato de aluguer do navio com a britânica “Steam Packet”, perante a impossibilidade da Atlânticoline o concretizar.
Isto porque – acrescentou -, a empresa britânica exigiu a redacção do documento ao abrigo da legislação inglesa e, por sua vez, a Atlânticoline, devido à sua natureza pública, está impedida de celebrar contratos não enquadrados pela lei nacional.
Face a esta explicação pedida  na sequência da notícia avançada terça-feira pela RTP-Açores de que, afinal, o contrato de aluguer do Viking não foi assinado pela Atlânticoline, o AO perguntou como é que a Transinsular (uma das três empresas privadas que efectuam regularmente transportes marítimos entre o território do continente e ilhas) soubera dessa mesma situação.
António Raposo admitiu que, para quem é alheio ao mundo do transporte marítimo, essa possa parecer uma situação estranha. Contudo, afiançou, no meio todos sabem quando se procuram navios,   os ‘brokers’ (mediadores) ‘espalham’ essa informação.
Daí que, para o administrador da Atlânticoline, este recurso e a posterior cedência do navio para a operação interilhas nos Açores não passe “ de um acto de gestão interna” da empresa. 
Até porque, reafirmou, não implica “aumento de encargos” além dos 2,175 milhões de euros previstos e anunciados para o afretamento do Viking. António Raposo lembrou  ainda que após a formalização da recusa do Atlântida (a 8 de Abril) por incumprimento da velocidade contratada e quando já se sabia também que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo não iriam conseguir entregar o navio a tempo do início da operação, em Maio último, a Atlânticoline ficou com apenas dois meses para encontrar e contratar uma embarcação disponível (para poucos meses) e que fosse não só adequada ou adequável aos Açores como oferecesse também garantias de certificação e licenciamento pelas autoridades marítimas, em tempo útil.
 
Isto, já não  para iniciar a operação (pelo que avançou aquele que seria inicialmente o ‘segundo’ navio, o Express Santorini, contratado pela Atlânticoline), mas para a complementar, a partir de meados de Julho.
Ora, acrescentou António Raposo, após várias consultas decidiu-se que o Viking seria o navio que reunia esses requisitos.
No entanto, este ainda não chegou aos Açores. Primeiro porque teve que ser adaptado aos portos insulares, depois devido a uma fissura no tanque de combustível de longo curso que o reteve em Liverpool, a que se seguiu um acidente do comandante, e, por fim, uma avaria em resultado do estado do mar  já em viagem, e que o obrigou a atracar em Falmouth, a Sul de Inglaterra. Agora, aguarda condições meteorológicas favoráveis para rumar ao arquipélago.
“Reconheço que as ‘coisas’ não têm decorrido como desejávamos, com vários percalços e vicissitudes (para a chegada atempada do navio) que, na minha perspectiva, resultam do pouco tempo que a empresa dispôs”, disse.
O administrador da Atlânticoline diz sentir-se, por isso,  “tremendamente desconfortado” com o que considera a pouca “contemplação” noticiosa. “Apesar disso, só me resta pedir desculpa aos açorianos” que”felizmente têm querido viajar cada vez mais com a Atlânticoline”, concluiu.

Olímpia Granada (in AO)

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