Trinta anos depois, Joel Neto traz para os Açores o Grande Prémio APE de Literatura Biográfica

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Joel Neto, com “A Vida no Campo”, é o vencedor da sexta edição do Grande Prémio APE de Literatura Biográfica, anunciou esta quarta-feira a direcção da Associação Portuguesa de Escritores, tendo o galardão sido atribuído por unanimidade ao diário, publicado em 2016, com a chancela da Marcador Editora.
«Estou muito comovido», comentou o autor. «Um prémio desta magnitude tem um grande
significado para mim. E deixa-me duplamente feliz que me tenha sido atribuído por um livro que, no fundo, é sobre o meu avô e a casa do meu avô, sobre o lugar da minha infância, sobre a minha família, os meus amigos, os meus vizinhos, os açorianos – sobre tudo aquilo que tem feito da minha vida uma celebração.»
Nascidos há quase 40 anos, os Grandes Prémios APE incluem no palmarés nomes incontornáveis na história da literatura portuguesa, como José Cardoso Pires, Agustina Bessa-Luís, António Lobo Antunes, Vergílio Ferreira ou José Saramago.

Há quase 30 anos que não vencia um escritor dos Açores, ilhas de origem de apenas dois distinguidos anteriores: João de Melo, que em 1989 ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela (com Gente Feliz Com Lágrimas); e Natália Correia, que em 1991 conquistou o Grande Prémio de Poesia (com Sonetos Românticos).
Na lista de galardoados do prémio de Literatura Biográfica, que distingue obras biográficas,
autobiográficas, memorialistas e diarísticas, Joel Neto sucede a nomes como J. Rentes de Carvalho, Eugénio Lisboa e Marcello Duarte Mathias. A eleição teve como jurados Artur Anselmo, Cândido Oliveira Martins e Paula Mendes Coelho, que avaliaram 51 obras de alguns dos mais destacados escritores portugueses da actualidade, todas elas publicadas em primeira edição no triénio 2016-2018.
«Um homem e uma mulher. Um jardim e uma horta. Dois cães», descreve a sinopse oficial de A Vida no Campo.

«Ao fim de duas décadas na grande cidade, Joel Neto instalou-se no pequeno lugar dos
Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã, ilha Terceira. Rodeado de uma paisagem estonteante, das memórias remotas da infância e de uma panóplia de vizinhos de modos simples e vocação filosófica, descobriu que, afinal, a vida pode mesmo ser mais serena, mais barata e mais livre. E, se calhar, mais inteligente.»
Sobre o livro, actualmente em terceira edição, escreveu o crítico e poeta Pedro Mexia, no
Expresso: «De uma tranquilidade melancólica, atenta às mutações, aos hiatos, ao que fica do que passa.»
O escritor Afonso Cruz, que também vive no campo, é autor da frase de contracapa que acompanha as primeiras três edições: «A escrita de Joel Neto é uma varanda para a paisagem que a interpreta e a faz florir.»
A Vida no Campo mereceu dois programas radiofónicos na TSF, ambos com a assinatura de
Fernando Alves, e foi recentemente adaptado ao teatro, com dramaturgia do próprio autor, em conjunto com Catarina Ferreira de Almeida, tradutora e também sua mulher. O espectáculo, uma co-produção Companhia Narrativensaio/Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, percorreu o país, contando com encenação de Luísa Pinto e interpretações de António Durães, Filipa Guedes e Fernando Alves.
A atribuição do Grande Prémio APE de Literatura Biográfica a A Vida No Campo surge poucas semanas após a publicação do segundo volume do diário, que traz o nome A Vida No Campo: Os Anos da Maturidade. «Escolheu o tempo e a distância para melhor ver a beleza de cada coisa», escreve na capa Miguel Sousa Tavares. «Ousou ser feliz. Eis o seu nome: liberdade.»
O volume foi editado no final do mês de Maio, com chancela da Cultura Editora, e, tal como
aconteceu com o antecessor – agora premiado – chegou aos tops de vendas nacionais. Nascido na ilha Terceira, Joel Neto tem 45 anos e regressou aos Açores em 2012, para se dedicar inteiramente à literatura.
É representado desde 2017 pela Agência das Letras.

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