“Turismo nos Açores: Que futuro?” a pergunta que conduziu o debate

O futuro do Turismo nos Açores esteve em debate esta segunda feira, numa iniciativa do Jornal Açoriano Oriental(AO), que promoveu na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, a conferência “Turismo nos Açores: Que futuro?”.

Na abertura do evento, o diretor regional do Turismo reafirmou a prioridade do Governo dos Açores em acautelar “novas e renovadas estratégias conjuntas, ao nível da afirmação do Destino Açores e da geração de receitas, de forma a garantir a sustentabilidade da indústria do turismo nos Açores”.

João Bettencourt  defendeu por isso que a sustentabilidade do turismo na Região passa pela “intensificação da promoção externa, com vista à consolidação dos mercados emissores atuais, considerados prioritários pela importância dos fluxos turísticos que já geram para a Região, e a conquista de novos mercados, de forma a aumentar a comercialização do destino e gerar fluxos capazes de sustentarem a atividade turística açoriana”.

 

Durante a manhã a conferência contou com a participação de Pedro Costa Ferreira,  da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo e que falou sobre os “Açores, movimentos estratégicos – a solução está no problema” e de Óscar Coduras, do Instituto de Formación Diretiva, de Barcelona,  cujo tema recaiu sobre o “Turismo de nichos versus Turismo de massas”.

 

A tarde deu lugar às “utopias do Turismo Açoriano”, com à intervenção de Francisco Silva, da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, para quem o turismo tem que estar associado á qualidade de vida dos locais. Realçando os mitos envolvendo a matéria em debate, Francisco Silva chama a atenção para as expectativas excessivas que se criam em relação aos destinos, devendo o desenvolvimento do turismo ser mais responsável. Segundo o orador convidado, este “período de estagnação” deve ser aproveitado para refletir, para rever estratégicas, para redirecionar a hotelaria para os novos nichos de mercado que poderão potenciar os Açores tentando combater a sazonalidade, que tem que ser “assumida”.

Ideia partilhada com Rodrigo Rodrigues, da Estalagem São Sebastião na Terceira, que retratou o tema “sazonalidade”, defendendo que se esta não for assumida consome muito tempo e recursos. Para Rodrigues a flexibilização laboral, com o envio de recursos humanos para outras regiões com maiores fluxos, melhorando o rendimento profissional e adaptando novas mentalidade, é uma opção. 

Cláudia Faias, do Grupo Ciprotur que abordou a “Gestão de empreendimentos turísticos – dificuldades e desafios”, defende no Turismo três pilares de sintonia: oferta, acessibilidades e a promoção.

Para a gestora é preciso constantemente analisar tendências, diversificar mercados emergentes, apostando na formação contínua .É importante “ adequar o nosso produto á procura…intensificar o genuíno”, defende.

Francisco Gil, da  Associação de Turismo dos Açores(ATA), salienta a importância de saber o que procura o cliente. Tratando o tema “Promoção dos Açores:  estratégia e desafios”, o diretor executivo da ATA defende que quando o cliente quer mesmo visitar determinado destino, as acessibilidades ficam para segundo lugar. Francisco Gil afirma a necessidade de promoção permanente, sendo que o desafio é saber que canal é o mais adequado para chegar ao “target”.

Para Tiago Raiano, do Grupo Soltropico, que terminou as intervenções com o tema “Dificuldades da comercialização dos Açores”, as acessibilidades necessitam ser repensadas, defendendo que os horários devem ser melhorados e estabilizados. Raiano sustenta que deve haver apenas uma associação de promoção dos Açores, canalizando o aproveitamento de recursos, defendendo ainda que não deve ser da responsabilidade desta a escolha dos mercados alvos mas sim da responsabilidade das empresas do setor.

Tiago Raiano diz ser preciso ter a coragem política de “dizer não” às reivindicações das ilhas, que deve ser consolidada apenas “uma porta de entrada” nos Açores e que esta deve ser em São Miguel, criando assim um circuito interno entre as ilhas. “São os outros destinos que são concorrentes dos Açores e não as ilhas entre si”, defendeu. 

 

O encerramento da conferência esteve a cargo de Paulo Simões, diretor do AO, que após análise das intervenções, conclui ser necessário uma ação governamental, “tando do partido que está no governo, como dos partidos de oposição” mais corajosa. É necessário que todos os agentes economicos envolvidos sejam mais inventivos e cooperativos, defendeu.

A posição sobre ação do governo nas decisões relativas ao turismo foi todavia transversal em praticamente todas as intervenções. Unanime parece ser o facto de que têm que ser repensadas as decisões tomadas nos últimos anos para o turismo na região, devendo haver mais interação com os parceiros económicos, e devendo também as instituições apostarem na profissionalização de quem toma e/ou gere as decisões.

O conceito mutável de turista, acessibilidades, sazonalidade, mercados emergentes, consolidação do destino, qualidade e essencialmente profissionalização foram outros pontos de interação e fragilidade apontados em todas as intervenções, deixando claro que muito ainda há para dizer e fazer nesta matéria.

 

“Turismo nos Açores: Que futuro?” foi a primeira conferência de um ciclo de seis, organizadas pelo AO com o objetivo de promover a discussão sobre os caminhos a seguir para garantir o progresso da Região Autónoma dos Açores. 

 

SM

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