A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) nos Açores espera que o novo Governo Regional implemente medidas que promovam a sustentabilidade do setor e o reforço da qualificação dos seus profissionais.
“Um novo governo terá de ter uma estratégia na sustentabilidade, na qualificação de profissionais na área do turismo e também medidas de incentivo ao investimento, à criação de riqueza nas empresas, para que elas também possam retribuir”, afirmou, em declarações à Lusa, a presidente da delegação dos Açores da AHRESP, Cláudia Chaves.
Segundo a representante dos empresários do setor, “a sustentabilidade é um dos grandes desafios do turismo” no arquipélago e é preciso “assegurar as receitas” e “mudar as mentalidades”, para “cumprir com todas as normas regulatórias”.
“Uma das apostas que deveria ser feita, não só por políticas implementadas, mas também pelas associações, seria na parte da literacia em sustentabilidade”, apontou.
Apesar do crescimento do turismo nos Açores, “continuam a faltar pessoas qualificadas para trabalhar na área”.
“É algo em que nós, como associação, durante 2024, vamos estar a apostar bastante, através da nossa academia, mas queremos também reunir-nos com o Governo Regional para criar formações à medida, para reter os talentos e qualificar novas pessoas que queiram trabalhar na área do turismo”, frisou Cláudia Chaves.
Segundo a representante, se forem mais qualificados, os trabalhadores poderão “receber bem para a área em que estão a trabalhar”, o que fará com que o setor se torne mais atrativo.
Em 2023, a faltar dois meses para acabar o ano, os Açores já tinham ultrapassado os valores de dormidas de 2019, em pré-pandemia de covid-19, e este ano as previsões são de que os números sejam idênticos.
Há, no entanto, empresas que “ainda não conseguiram ter a rentabilidade que deveriam ter, devido aos empréstimos que contraíram para sobreviver na pandemia”.
“O aumento do vencimento mínimo foi enorme. As empresas precisam realmente de ter tesourarias muito mais robustas para serem capazes de suportar as necessidades de investimento e gerar a competitividade empresarial, que é o que todos nós desejamos, porque o turismo está aí e vai aumentar”, salientou Cláudia Chaves.
Num setor em que “mais de 90% do tecido empresarial é constituído por nano e microempresas”, nos Açores, a tesouraria ainda “está muito débil” e o aumento de receita não foi suficiente para compensar os empréstimos realizados para fazer face ao impacto da pandemia.
“Se chegar aos Açores a quantidade de turistas prevista com menos empresas, que é o que pode acontecer, caso não haja políticas robustas – algumas empresas terão de fechar –, o que acontece é que o nome dos Açores fica mal, porque há menos alojamentos e menos restauração para poder receber todas essas pessoas”, alertou a responsável da AHRESP.
Independentemente de quem vença as eleições em fevereiro, Cláudia Chaves quer que o novo executivo açoriano se “sente com as associações e veja as necessidades que existem e o que se pode trabalhar”.
“A expectativa é que haja estabilidade política, não só na região como no país. Independentemente de qual será o governo e de que cor terá, o importante é que realmente traga estabilidade, porque isso é vital para as empresas irem para a frente”, vincou.
Os Açores vão a votos em 04 de fevereiro, após a dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República, devido ao chumbo do Orçamento para este ano.
Apresentaram listas às eleições regionais 11 forças políticas, incluindo três coligações.
Em 2023, o arquipélago registou cerca de 2,1 milhões de passageiros desembarcados nos seus aeroportos, um valor recorde, superior em 16% ao ano anterior, segundo dados divulgados pelo Serviço Regional de Estatística.
Lusa