Em declarações à Agência Lusa, o porta-voz do comissário europeu dos Assuntos Económicos sustentou que “a solidariedade está na base da construção europeia e da União Económica e Monetária” e “a situação atual em Portugal é mais uma prova de que esta solidariedade de facto existe e é mais do que meras palavras”.
Referindo-se ao programa de assistência financeira a Portugal, que os 27 se preparam para aprovar, a 16 de maio, o porta-voz do comissário Olli Rehn, Amadeu Altafaj Tardio, sublinhou que esta solidariedade entre os Estados-membros, à qual ainda recentemente o presidente da Comissão, Durão Barroso, apelou num discurso em Estrasburgo, materializa-se “não só em beneficio de Portugal, mas também da estabilidade financeira da zona euro e da UE em geral”.
Visão diferente tem o eurodeputado Nikolaos Chountis, da Grécia, o primeiro país a ser alvo da dita solidariedade, ao ser “resgatado” em maio de 2010.
Em declarações à Lusa, o deputado do Grupo da Esquerda Unitária, membro da comissão parlamentar de Assuntos Económicos e da comissão especial para a crise financeira, económica e social, apontou que “a ideia e o processo de unificação europeia eram baseados nos princípios da solidariedade entre Estados e povos, na coesão social e na convergência económica”, mas considerou que estes valores estão hoje desvirtuados.
Numa altura em que “a própria essência da integração europeia toma uma nova dimensão, devido à atual crise que afeta a Zona Euro e em particular os Estados-membros periféricos, casos de Grécia, Irlanda e Portugal”, Chountis lamenta que a chamada solidariedade se concretize através de “programas de austeridade extremos” que impõem “a demolição das relações laborais e dos direitos sociais”.
“A solidariedade entre os Estados-membros foi substituída por conflitos e rivalidades nacionais, pela punição dos países fracos, e pela tentativa, sobretudo da Alemanha, de institucionalizar o seu próprio modelo de crescimento, fazendo ao mesmo tempo com que o resto da UE mergulhe na recessão, pobreza e desemprego”, disse.
Já o eurodeputado britânico Nigel Farage, o mais conhecido rosto dos parlamentares eurocéticos, admite inter-ajuda entre os Estados-membros, mas não no modelo e estrutura atual de UE, onde, considera, há uma “elite europeia” que dita a sua vontade, “numa subversão da soberania eleitoral, que confere poder absoluto a uma pequena e auto-selecionada «panelinha»”.
“É tempo de substituir esses governos pró-UE por governos patrióticos, capazes de cooperarem livremente”, defendeu em declarações à Lusa.