A Unidade de Saúde da Ilha Terceira (USIT), nos Açores, vai reduzir a atividade assistencial, “nos próximos dias”, devido à evolução da pandemia de covid-19, anunciou hoje a administração.
“A unidade de saúde não consegue chegar a todas as situações, daí a necessidade de realocação e de reajustes em termos de agendamento de consultas e seguimento dos utentes”, disse, em declarações à Lusa, o presidente do conselho de administração da USIT, José Barbeito.
Num comunicado divulgado hoje, a unidade de saúde adianta que a atividade assistencial regular será reduzida em diversas áreas “nos próximos dias”, mantendo-se “o atendimento presencial a grupos vulneráveis (saúde materna e infantil) e de risco”.
O presidente da USIT admitiu que algumas consultas “já foram adiadas e remarcadas para outras datas”.
“Mantemos o contacto com os utentes agendados. Esse contacto inicialmente será preferencialmente telefónico, contudo se houver critérios clínicos para consulta presencial será feita a consulta presencial”, explicou.
Questionado sobre a duração desta redução, José Barbeito não se comprometeu com datas, alegando que a situação será “permanentemente monitorizada”.
“Vai depender da evolução da pandemia. Optámos por manter a atividade assistencial em grupos vulneráveis e de risco”, salientou.
“É preciso não esquecer que Angra [do Heroísmo] é dos centros de saúde onde existe mais falta de médicos de medicina geral e familiar, o que complica também um pouco mais a situação”, acrescentou.
Segundo o responsável da unidade de saúde, “houve um aumento significativo do número de casos” de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença covid-19, na ilha Terceira, o que obrigou à alocação de um maior número de médicos para o acompanhamento dos utentes em isolamento profilático.
“Neste momento, nós fazemos no Centro de Saúde de Angra [do Heroísmo] o seguimento de 237 casos [positivos] e no Centro de Saúde da Praia da Vitória de 206 casos, o que perfaz um total de 443 casos em toda a ilha”, apontou.
“Os médicos têm de telefonar diariamente a estes 443 casos para fazer o seguimento destas pessoas que se encontram em isolamento. Além dos casos positivos, temos os contactos próximos”, acrescentou.
O médico sublinhou que as delegações de saúde “não têm elementos suficientes” para rastrear os contactos próximos, recorrendo também a profissionais da USIT.
José Barbeito lembrou ainda que, esta semana, reabriram dois centros de vacinação contra a covid-19 na ilha Terceira, que ocupam enfermeiros e médicos.
“Todos os médicos que se encontram no centro de vacinação estão a contactar utentes e estão disponíveis para qualquer problema que surja no centro de vacinação. Estamos a falar de um trabalho de sete dias por semana, porque todos os dias tem de se fazer o seguimento”, afirmou.
O presidente da USIT realçou ainda que na próxima quinta-feira arranca uma operação de testagem, com testes de saliva, aos alunos dos 1.º e 2.º ciclos nas escolas da ilha Terceira.
Sem avançar com um “número exato” de alunos a testar, porque está dependente do consentimento dos pais, José Barbeito disse que a operação pode envolver entre seis a 15 profissionais de saúde.
A testagem de alunos deverá prolongar-se até 19 de janeiro no concelho da Praia da Vitória e até 25 a 27 de janeiro em Angra do Heroísmo.
Segundo o mais recente boletim da Autoridade de Saúde Regional, os Açores têm 2.615 casos ativos de infeção pelo SARS-CoV-2, dos quais 1.796 em São Miguel, 483 na Terceira, 222 no Faial, 54 no Pico, 23 em Santa Maria, 15 nas Flores, 15 em São Jorge, seis na Graciosa e um no Corvo.
Estão internados 25 doentes com covid-19 nos três hospitais da região, incluindo três em unidade de cuidados intensivos.
Até 05 de janeiro, foram administradas nos Açores 418.394 doses da vacina contra a covid-19, estando 85,2% da população com a vacinação primária completa.
Receberam a dose de reforço 44.032 pessoas, o equivalente a 18,6% da população.
Lusa