O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, disse hoje que o “centro de decisão” da RTP regional deve estar na região, rejeitando uma proposta do PSD apresentada na quinta-feira.
O PSD/Açores defendeu na quinta-feira que o serviço público de rádio e televisão no arquipélago deve ser prestado por uma “entidade regional” com 51% de capitais da República e apelou a um consenso na região em relação ao futuro da RTP açoriana.
“Devo confessar que até ontem [quinta-feira] pensava que já existia um consenso na nossa região e que esse consenso regional era o de ter nos Açores o centro de decisão da RTP/Açores. Com esta proposta que ontem surgiu da parte do PSD, obviamente que esse consenso é rompido”, disse Vasco Cordeiro, em Ponta Delgada, em resposta a questões dos jornalistas.
Vasco Cordeiro considerou “absolutamente fundamental” manter nos Açores o centro de decisão da RTP regional “para que ela possa cumprir com a sua potencialidade e função”.
“Não existir este centro de decisão nos Açores é uma das razões pelas quais a RTP e a RDP Açores têm enfrentado tantos problemas ao longo dos últimos anos. Esta questão, julgava eu, era absolutamente central e havia um consenso regional sobre essa matéria. Pelos vistos, não é assim”, afirmou, sublinhando que a proposta do presidente do PSD/Açores, Duarte Freitas, é que o serviço público de rádio e televisão nos Açores seja assegurado por uma “entidade regional” com 51% de capitais da República e 49% da região.
Vasco Cordeiro disse, ainda, que a proposta do PSD é “uma cópia daquilo que o Conselho de Administração da RTP apresentou ao Governo Regional” e “o ressuscitar de uma proposta que em tempos o ministro Morais Sarmento já havia apresentado ao Governo Regional”.
“Mas, a questão é tão simples quanto esta, o Governo Regional não considera boa uma solução em que os açorianos pagam e Lisboa manda e, portanto, desse ponto de vista, não me parece que esta solução seja uma boa solução. Constitui mesmo um retrocesso”, afirmou.
Vasco Cordeiro reiterou que o Governo Regional aguarda ainda a visita ao Açores do ministro com a tutela da comunicação social, que “assumiu o compromisso” de ir ao arquipélago “e apresentar o seu entendimento sobre esta questão”.
“Aguarda-se a vinda do senhor ministro Poiares Maduro para o processo poder avançar. Esperamos nós, é essa a nossa esperança”, disse Vasco Cordeiro.
Também o PS/Açores emitiu um comunicado em que reitera a defesa de uma empresa com capitais maioritariamente açorianos para o serviço público de rádio e televisão nos Açores e critica a proposta dos sociais-democratas, dizendo que além de “requentada”, é contraditória.
“Não é possível conceber uma entidade ‘regional’ em que a maioria do capital pertence à República e em que qualquer decisão estratégica tem de ser validada por quem, à distância, desconhece as especificidades da Região”, defende o deputado no parlamento açoriano André Bradford.
Lusa