“José Pacheco, tens a minha carta branca [sobre como votar no Orçamento Regional], porque sei que o Chega votará sempre ao lado do seu povo”, disse André Ventura, respondendo ao pedido do deputado regional para ficar com a derradeira palavra na decisão sobre se tira, ou não, o apoio ao Governo dos Açores.
No encerramento do III Congresso Regional do Chega/Açores, Ventura disse que o “Governo dos Açores ou luta contra a corrupção, ou luta para ajudar a família ou não contarão com o Chega”.
“Nem nos Açores, nem em lugar nenhum do território português”, frisou.
O deputado do Chega no parlamento dos Açores anunciou no início de abril que acabou o apoio ao Governo Regional dos Açores.
José Pacheco considerou hoje que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) deu um “primeiro passo” com a remodelação, tornando o executivo mais pequeno, mas sublinhou ser preciso “passar das palavras aos atos” e pediu a Ventura a palavra final sobre o sentido de voto no orçamento regional, que deve ser analisado em novembro.
Ventura destacou que foi nos Açores que o Chega se afirmou “como grande epicentro da direita nacional”, deixando a coligação PSD/CDS-PP/PPM “dependente” do partido “para formar Governo”, mas “os Açores nunca foram um cheque em branco ao Governo do PSD”.
“Nos Açores, ficaram dependentes do Chega para formar Governo. Mas os Açores nunca foram um cheque em branco ao Governo do PSD. Não estamos aqui para passar cheques em branco”, frisou.
O líder do Chega manifestou ainda confiança de que o cenário resultante das legislativas regionais nos Açores, em 2020, há de repetir-se na Madeira e no continente, pois nos Açores ficou provado que os partidos podem “não ceder e ter votos”.
“Podemos não ceder e ter votos. Seguiremos neste caminho de não ceder à chantagem dos dois partidos que fazem a política nacional [PS ou PSD]”, frisou.
“Nós vamos governar Portugal. As pessoas cada vez mais se vão fartar de ser vítimas desta transição do PSD e do PS [no poder], em que os mesmos são nomeados para os mesmos lugares”, acrescentou.
Ventura frisou que “Rui Rio [líder do PSD] disse não ao Chega [nas legislativas de 2022] e foi Rui Rio quem foi posto fora do PSD”.
“Habituem-se. O Chega veio para ficar”, notou.
Referindo-se à estrutura regional do partido saída das eleições de sábado e do congresso de hoje, Ventura disse acreditar que a nova direção regional vai levar o partido “a um grande resultado nas próximas legislativas nos Açores”.
“O Chega vai ser um pilar fundamental do próximo Governo dos Açores”, sublinhou.
Ventura destacou que foi nas eleições dos Açores, com a eleição de dois deputados do Chega, que, “pela primeira vez”, se começou a falar do partido como aquele que “condicionava tudo”.
José Pacheco, deputado do Chega no parlamento açoriano, único candidato à liderança regional do partido, foi eleito em 23 de abril como líder da estrutura regional.
Esta foi a primeira vez que José Pacheco, que é também vice-presidente nacional do Chega, concorreu à liderança do partido nos Açores, depois de se ter assumido como porta-voz da estrutura regional, na sequência da saída de Carlos Furtado em julho de 2021.
A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega).
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação, tirando do poder o PS após décadas de governação.
A coligação assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Chega e com o deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega) e o PSD um acordo com a IL.
Estes três acordos são o que garante aos partidos do Governo os três votos necessários a uma maioria absoluta no parlamento (29 votos).
Se um destes três deputados deixar de apoiar o executivo, este passa a contar com 28 parlamentares, um número insuficiente para garantir maioria absoluta no hemiciclo.
Sem um daqueles apoios, os partidos do Governo deixam de garantir a viabilização de diplomas, no caso de votos contra do PS e BE, que juntos têm 28 deputados, ou de PS, BE e PAN, que totalizam 29 parlamentares.
Lusa