A viúva de Martim Moniz Cabral, que continua também sem ver o corpo do marido – que foi transportado para o Hospital de Ponta Delgada para ser autopsiado, tal como o da outra vítima do acidente de sábado -, disse hoje à Lusa que também desconhece ainda as causas desta “desgraça”.
“Mandaram um telefonema para os cafés, não a dizer que ele tinha morrido logo, mas que tinha tido um acidente muito grave”, afirmou Natália Cabral, citando um colega para indicar que Martim, 54 anos, terá caído de um andaime montado por baixo da ponte em construção entre as freguesias de S. Pedro e Santo António, no concelho de Nordeste.
“Ele e o outro colega que estavam no andaime caíram na ravina”, acrescentou, citando a única testemunha do acidente, um amigo do marido que terá subido para o tabuleiro da ponte quando o acidente ocorreu.
Segundo Natália Cabral, na empresa onde o marido trabalhava há pouco mais de um ano como temporário, “gostavam muito dele, porque não tinha medo das alturas, fazia tudo o que lhe mandavam”.
Sobre o que poderá ter acontecido na tarde de sábado, a viúva assegurou que, apesar de ser “corajoso”, o marido “não terá ido [para o local onde estava quando ocorreu o acidente] sem estar amarrado”, acrescentando que “alguns dizem que o gancho [a que estaria amarrado] se partiu”.
Natália Cabral reconheceu ainda que o marido, pedreiro de profissão, residente na Achadinha e pai de duas filhas, de 16 e 25 anos, alimentava a esperança de continuar a trabalhar para o concessionário do projeto SCUT de S. Miguel depois de concluído o contrato, o que deveria ocorrer em setembro.
A zona em que se registaram as duas mortes mantinha-se hoje sem obras e os operários que se encontram a trabalhar nas áreas confinantes recusaram comentar o sucedido.
Apesar de remeterem quaisquer esclarecimentos para os “encarregados”, um dos trabalhadores confirmou à Lusa que na zona do acidente apenas se encontravam três colegas – um na plataforma da ponte e os outros dois (os que morreram) num andaime localizado ao nível dos pilares.
Fernando Rocha, porta-voz da Euroscut dos Açores, empresa concessionária do projeto, indicou que a intervenção na ponte em que se registou o acidente vai continuar suspensa durante os próximos dias.
A zona continuará isolada enquanto decorrerem os trabalhos de peritagem necessários ao esclarecimento das causas da ocorrência, frisou.
No acidente ocorrido no sábado morreu também um operário espanhol de 34 anos.
O projeto SCUT de S. Miguel, adjudicado pelo Governo Regional dos Açores a um consórcio liderado pela Ferrovial, tinha registado em março o primeiro contratempo com a queda da estruturas do pilar do viaduto sobre a freguesia de Água d’Alto, no concelho de Vila Franca do Campo.