“Somos alvo da cobiça e da exploração, mas, em termos de riqueza, os outros levam-na e nós ficamos sem nenhuma”, frisou Zuraida Soares, para quem é “absolutamente inaceitável” que os Açores não salvaguardem os seus interesses nesta área.
Zuraida Soares, que falava no final de uma visita ao Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, alertou para os perigos que podem resultar da abertura das águas açorianas à prospeção e exploração mineral.
Para a coordenadora regional do BE/Açores, uma das formas de evitar que os Açores percam a corrida à exploração das suas próprias águas passa por criar um “centro de investigação internacional” no arquipélago, que deveria ficar instalado na cidade da Horta.
“Isto seria uma forma de impedir que a região sucumba à gula e à cobiça daqueles que vêm para cá explorar e investigar, eventualmente em troca de alguma renda que pagam ao Estado”, salientou.
Zuraida Soares defendeu que um centro internacional de investigação seria também uma forma de potenciar o “embrião de excelência que é o DOP”, de criar conhecimento e emprego qualificado e de fomentar a instalação de empresas nos Açores.
A líder regional do BE criticou os que fazem do mar o seu “slogan de campanha”, referindo-se, em especial, ao Governo Regional dos Açores.
“Há muito que se fala neste centro de investigação, mas palavras leva-as o vento”, frisou, acrescentando que a criação deste centro nem sequer implica um investimento muito avultado, porque o conhecimento e a parceria com outras instituições já existem.
O papel do DOP foi também realçado por Catarina Martins, dirigente nacional do BE, que acompanhou esta ação de campanha no arquipélago para as eleições regionais do dia 14.
Catarina Martins recordou que este departamento da universidade açoriana é “reconhecido internacionalmente” e tem feito um trabalho de investigação com base nos recursos da região, neste caso, os oceanos.
No seu entender, é a aposta no conhecimento e nos recursos existentes que vão fazer com que Portugal possa sair da crise em que está mergulhado.
“Quando falamos de soluções e de não ficarmos presos a uma inevitabilidade recessiva, que afunda cada vez mais o país, falamos da coragem para perceber quais são os investimentos e as prioridades que podem trazer desenvolvimento”, frisou.
Lusa